Pobreza menstrual: falta de acesso a absorventes pode levar até à depressão

Pesquisa da Unicef diz que 19% dos jovens e adolescentes que menstruam no Brasil não têm dinheiro para comprar absorventes nem acesso a eles

11 jun 2024 - 05h00
Resumo
Uma pesquisa realizada pela Unicef e a Viração Educomunicação mostra que 19% dos jovens e adolescentes que menstruam no Brasil não possuem dinheiro para comprar absorventes e que 77% sentem constrangimento em espaços públicos ou na escola por estarem menstruadas.
Dignidade menstrual: segundo a Unicef, 19% não têm dinheiro para comprar absorventes no Brasil
Dignidade menstrual: segundo a Unicef, 19% não têm dinheiro para comprar absorventes no Brasil
Foto: Reprodução Unsplash / Reprodução Unsplash

Uma pesquisa do Fundo das Nações Unidas para Infância (Unicef), realizada em parceria com a Viração Educomunicação, aponta que 19% dos jovens e adolescentes que menstruam no Brasil não possuem dinheiro para comprar absorventes.

O estudo, feito com 2,2 mil pessoas, por meio da plataforma U-Report, também revela que 77% das pessoas participantes sentiram constrangimento em espaços públicos ou na escola por estarem menstruadas. Ainda de acordo com a enquete, 37% dos participantes têm dificuldades de acesso a itens de higiene em escolas ou locais públicos.

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Um comunicado do Unicef afirma que o quadro demonstra que a pobreza menstrual ainda persiste no Brasil. "Pessoas que menstruam têm necessidades de saúde e higiene menstrual negligenciadas devido ao acesso limitado à informação, educação, produtos, serviços, água, saneamento básico, bem como a variáveis de desigualdade racial, social e de renda", diz a nota. 

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Problemas de higiene

O quadro demonstrado pela pesquisa leva a uma redução na qualidade de vida das pessoas que menstruam, conforme explica a ginecologista Débora Maranhão.

"As mulheres que não possuem acesso à mínima higiene íntima enfrentam diariamente, e ainda com maior intensidade em seu período menstrual, problemas que variam desde vergonha, baixa autoestima, privação de realizarem algumas atividades diárias ou até mesmo de trabalho", diz. 

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Além disso, a falta de estrutura e recursos pode levar a problemas de saúde físicos, como infecções ginecológicas, alergias na região genital, dermatites fúngicas, foliculites bacterianas e até problemas sistêmicos.

"Isso, de forma crônica, gera uma redução importante na qualidade de vida e problemas psicológicos como ansiedade e depressão", explica a médica. 

Falta de informação

A analista de comunicação na Viração Educomunicação, Ramona Azevedo reforça a necessidade de reforçar políticas de educação menstrual.

“É preocupante que quase metade das pessoas afirmem que nunca tiveram aulas, palestras ou rodas de conversa sobre menstruação na escola. Essa falta de informação contribui para o estigma e gera situações de constrangimento. Precisamos desmistificar a menstruação e criar um ambiente acolhedor para pessoas que menstruam".

Fonte: Redação Terra Você
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