Por que algumas pessoas atraem mais mosquitos que outras? Ciência explica

Cientistas descobriram que substância produzida pela pele atrai a picada de mosquitos. Descoberta pode impedir contaminações

11 nov 2022 - 13h07
(atualizado às 19h05)
Por que algumas pessoas atraem mais mosquitos que outras? Ciência explica
Por que algumas pessoas atraem mais mosquitos que outras? Ciência explica
Foto: Shutterstock / Saúde em Dia

Algumas pessoas têm o azar de atrair mosquitos, como o Aedes aegypti, por exemplo. No entanto, até então não se sabia porque alguns indivíduos são mais suscetíveis que outros a levar picadas dos insetos. Mas uma pesquisa da Universidade Rockefeller, em Nova York, nos Estados Unidos, parece ter encontrado a resposta para este fenômeno.

O que atrai os mosquitos?

O artigo publicado no periódico Cell revela que pessoas com níveis mais altos de compostos chamados ácidos carboxílicos em sua pele são mais propensos a serem "ímãs de mosquito".

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Conforme o professor Anderson de Sá Nunes, do Departamento de Imunologia do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP, explicou ao jornal da universidade, todos os seres humanos produzem ácido carboxílico através do sebo da nossa pele. O sebo alimenta os milhões de microorganismos benéficos que colonizam a pele para produzir mais ácido carboxílico. Em grandes quantidades, essa substância pode produzir um odor específico que parece atrair mosquitos em busca de sangue humano.

O especialista, que não participou da pesquisa, explica que a ciência busca há muito tempo desvendar a atração dos mosquitos pelos humanos. "Já conhecemos alguns dos elementos que envolvem a atratividade de mosquitos. Por exemplo, nós exalamos gás carbônico durante nossa respiração e isso atrai mosquitos. Outro fator é a nossa temperatura. Os mosquitos, ao longo da evolução, desenvolveram a capacidade de identificar objetos quentes, fontes de sangue". Além disso, as secreções produzidas pela nossa pele também são alvo de interesse dos animais.

O estudo

Considerando isso, os cientistas americanos tinham como objetivo descobrir se existia algum componente específico produzido pela nossa pele que poderia ser a chave dessa atração. No artigo, eles detalham um experimento em que foi coletado o cheiro natural da pele das pessoas por meio de malhas de nylon. Depois de um período de uso, os pesquisadores cortaram as malhas em pedaços de cinco centímetros e colocaram dois pedaços de tecido atrás de dois alçapões separados em uma caixa de plástico transparente, onde dezenas de mosquitos voavam. 

A partir daí, eles abriam as armadilhas e os insetos escolhiam voar para a isca - as malhas - atrás da primeira ou da segunda porta. A partir disso, eles contaram cada vez que um inseto foi atraído para uma amostra específica. Após uma série de análises químicas do material coletado, a atração pelo ácido carboxílico foi evidenciada. "Para fazer essa identificação, eles utilizaram uma tecnologia de espectrometria de massa de última geração", esclarece o professor ao reforçar a exatidão e complexidade da descoberta.

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Por fim, os pesquisadores utilizaram a fêmea do Aedes aegypti, o tipo de mosquito responsável pela disseminação de doenças como dengue, chikungunya, febre amarela e zika - doenças bem conhecidas dos países tropicais como o Brasil. Com isso, um dos principais pontos da pesquisa é que a descoberta leve a criação de novos produtos que possam mascarar ou alterar certos odores humanos, tornando mais difícil para os mosquitos encontrar sangue humano e potencialmente reduzindo a propagação de doenças.

Fonte: Jornal da USP.

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