O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de 79 anos, foi submetido às pressas a uma cirurgia de trepanação na madrugada desta terça-feira, 10, após sentir dores de cabeça. De acordo com o boletim do Hospital Sírio-Líbanês, onde o presidente está internado em São Paulo, uma ressonância magnética identificou uma hemorragia intracraniana, decorrente do acidente domiciliar sofrido em outubro.
De acordo com o médico neurologista Rogério Tuma, responsável pelo procedimento realizado em Lula, é comum que pessoas que sofram lesões na cabeça apresentem hematomas meses depois.
“Às vezes as pessoas caem e batem a cabeça, esquecem esse evento e depois de algumas semanas e até meses, mudam o comportamento, ficam fracas de um lado e o que está acontecendo é que o sangramento está comprimindo o cérebro", explicou Rogério Tuma.
Por que a cirurgia aconteceu dois meses depois?
Tuma contou que é comum que pessoas que sofreram uma queda, principalmente idosos, apresentem complicações após o acidente. Ele explica que na queda, Lula sofreu uma contusão cerebral e fez uma coleção [acúmulo de líquido] dos dois lados, que foi absorvida.
“Isso pode acontecer meses depois. Ele já tinha absorvido o primeiro sangramento e aí acabou tendo um segundo, mas é tudo, provavelmente, consequente à queda", contou o médico.
A cirurgia do presidente foi realizada após Lula se queixar de dor de cabeça e, ao repetir o exame de tomografia, a equipe constatar que o hematoma havia aumentado e tinha três centímetros, o que pode causar pressão no cérebro.
Presidente passará por novas cirurgias?
De acordo com o médico neurologista Rogério Tuma, o hematoma do presidente foi completamente drenado. Como o coágulo foi retirado, a tendência é que não haja novos sangramentos ou necessidade de realizar outras cirurgias no local.
“Muito pouco provável [acontecer novamente] porque foi drenado completamente. O que aconteceu dois meses depois pode acontecer, mas é mais raro de acontecer, não é uma coisa comum”, disse o médico cardiologista Roberto Kalil.
Ainda de acordo com a equipe médica do Sírio-Libanês, Lula deve ficar mais 48 horas na UTI em observação. Segundo Kalil, esse procedimento é protocolo nesses tipos de caso. O presidente ainda ficará com um dreno entre 1 e 3 dias.
"O presidente evoluiu bem, já chegou da cirurgia praticamente acordado, foi extubado e encontra-se agora estável, conversando normalmente, se alimentando e deverá ficar em observação nos próximos dias", afirmou Kalil.