Por que o remédio antibiótico não funciona mais? Veja as bactérias mais resistentes e como prevenir

A resistência a antibióticos pode causar mais de 39 milhões de mortes até 2050; infectologista explica como práticas simples podem ajudar

28 out 2024 - 12h09
(atualizado às 12h09)
Mulher pegando medicamentos do frasco e colocando na mão.
Mulher pegando medicamentos do frasco e colocando na mão.
Foto: Freepik

O uso de antibióticos é um dos tratamentos mais comuns para combater infecções causadas pela invasão de microrganismos, como bactérias, vírus, fungos ou parasitas no corpo humano. A resposta natural do corpo a essa invasão pode causar sintomas variados, que vão desde febre, dor, cansaço até sintomas mais graves. Mas o que acontece quando o antibiótico não funciona? 

Uma pesquisa publicada na revista científica The Lancet apontou que a resistência a antibióticos pode causar mais de 39 milhões de mortes até 2050.

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O médico Igor Marinho, infectologista da rede de Hospitais São Camilo, de São Paulo, explica que as infecções resistentes a antibióticos ocorrem quando as bactérias sofrem mutações, tornando os antibióticos comuns ineficazes contra elas, o que representa diversos riscos para a saúde pública.

Como os antibióticos funcionam?

Os antibióticos atuam de maneiras variadas conforme sua classe e o tipo de bactéria que combatem, desempenhando um papel essencial no tratamento de infecções. Alguns, por exemplo, destroem a parede celular das bactérias, levando-as à morte.

“Outros medicamentos impedem a reprodução das bactérias ao interferirem na produção de proteínas ou no material genético necessário para sua multiplicação. Ainda existem antibióticos que inibem a capacidade das bactérias de sintetizar componentes vitais para sua sobrevivência", comenta o especialista.

Três perigos da resistência a antibióticos

  • Tratamentos ineficazes: Quando os antibióticos tradicionais não conseguem combater a infecção, o tratamento torna-se mais longo e complicado. Isso pode resultar em maior tempo de recuperação, aumento das complicações e uma chance maior de disseminação da infecção para outras pessoas.
  • Agravamento da doença: Com a resistência aos antibióticos, doenças que antes eram facilmente controladas podem se tornar mais graves e, em alguns casos, potencialmente fatais.
  • Impacto na saúde pública: A disseminação de bactérias resistentes pode levar a surtos incontroláveis de doenças, uma vez que opções de tratamento são limitadas. Isso reforça a prioridade de políticas públicas voltadas para o controle e prevenção dessas infecções.

Quais as bactérias resistentes mais comuns?

Compreender as bactérias resistentes a antibióticos é essencial para cuidar da nossa saúde e da saúde da comunidade. O infectologista lista algumas das bactérias mais comuns que podem apresentar resistência a antibióticos no dia a dia:

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Staphylococcus aureus

Esta bactéria pode causar infecções na pele, e em casos mais graves, infecções na corrente sanguínea, pulmões e outros órgãos. Ela está presente no nariz e na pele de adultos saudáveis, portanto, o risco ocorre quando ela entra no corpo. 

A bactéria é transmitida pelo contato direto com alguém infectado, objeto contaminado ou gotículas no ar dispersas ao tossir ou espirrar.

Escherichia coli (E. coli)

Conhecida por causar infecções urinárias, algumas cepas de E. coli são resistentes a múltiplos tipos de antibióticos e podem levar a infecções graves. Ela é encontrada no intestino humano e nessa região do corpo é inofensiva.

Klebsiella pneumoniae

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Esta bactéria pode causar pneumonia, infecções na corrente sanguínea e infecções nos locais cirúrgicos, e tem mostrado resistência a vários antibióticos. Ela também é comum no intestino humano, onde não ocasiona doenças. 

A infecção pela Klebsiella pneumoniae é mais frequente em pacientes internados que necessitam de dispositivos como respiradores ou cateteres. Ela é transmitida pelo contato com secreções de pessoas contaminadas e é mais comum em hospitais.

Como prevenir?

A resistência a antibióticos reforça a importância de medidas preventivas e do controle de infecções, que incluem práticas de higiene adequadas e o uso racional desses medicamentos.

Uma pesquisa da Universidade Northwestern, nos Estados Unidos, publicada na revista Frontiers in Microbiomes, revelou que mais de 600 tipos de vírus podem estar presentes em escovas de dentes e chuveiros. Esses vírus, conhecidos como bacteriófagos, infectam bactérias e são inofensivos para seres humanos. Segundo o estudo, os bacteriófagos têm despertado interesse científico por seu potencial no tratamento de infecções resistentes a antibióticos

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"Lavar as mãos regularmente, cuidar da limpeza dos ambientes, fazer uso consciente e racional de antibióticos de acordo com a prescrição médica, além de ter hábitos de vida saudáveis fazem toda a diferença na prevenção", conclui o especialista.

Fonte: Redação Terra Você
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