Dor de cabeça e enxaqueca são termos frequentemente usados como sinônimos, mas na prática representam condições distintas. Enquanto a dor de cabeça comum costuma ser mais leve e passageira, a enxaqueca pode trazer sintomas debilitantes, como o caso da influenciadora Virgínia Fonseca, que optou por um tratamento com botox.
Em entrevista ao Terra Você, o médico neurocirurgião, Felipe Mendes, explica como identificar cada condição e quais sinais merecem atenção.
Quais são as principais diferenças?
O especialista conta que a dor de cabeça comum, como a cefaleia tensional, possui um padrão de dor mais difuso, de intensidade leve a moderada, normalmente sem outros sintomas associados.
Já a enxaqueca é caracterizada por uma dor mais intensa, geralmente pulsátil, que afeta um lado da cabeça, além de ser acompanhada de náuseas, vômitos, sensibilidade à luz (fotofobia) e ao som (fonofobia). Pode haver também alguns sinais e sintomas como alterações visuais que surgem antes da crise de dor, um fenômeno chamado de aura.
Gatilhos podem causar a condição
A enxaqueca pode ter gatilhos específicos que a diferenciam da dor de cabeça comum, entre eles se destacam:
- Estresse;
- Alterações hormonais;
- Privação de sono;
- Jejum prolongado;
- Consumo de certos alimentos como queijos envelhecidos, chocolate e embutidos;
- Consumo de bebidas alcoólicas;
- Exposição a luzes intensas ou a barulhos altos.
O neurocirurgião explica que esses gatilhos podem variar individualmente. Por outro lado, a dor de cabeça comum até pode compartilhar alguns desses gatilhos como falta de sono, cansaço, tensão muscular e jejum prolongado, porém tendem a ser menos nítidos e às vezes menos correlacionados.
Intensidade e duração da dor ajudam a identificar
O médico define que a enxaqueca tende a ser mais intensa e debilitante, com duração de 4 a 72 horas, enquanto a dor de cabeça comum é menos intensa, geralmente não interfere nas atividades diárias e dura menos tempo, em torno de algumas horas.
É possível estar enfrentando enxaquecas sem saber?
O especialista comenta que é possível que dores de cabeça recorrentes sejam enxaquecas subdiagnosticadas, especialmente quando não acompanhadas de sintomas clássicos, como a aura.
Exames de imagem podem ser solicitados quando há alguma dúvida diagnóstica, contudo servem mais para excluir outros problemas do que para confirmar o quadro de enxaqueca.
“Para o diagnóstico correto, é fundamental uma avaliação clínica detalhada, incluindo o histórico dos sintomas, sua frequência, intensidade e possíveis gatilhos”, indica.
Tratamento é multifatorial
O tratamento da enxaqueca envolve uma abordagem multifatorial, incluindo medicamentos abortivos (como triptanos e anti-inflamatórios) para as crises e medicamentos profiláticos (betabloqueadores, anticonvulsivantes, antidepressivos) para redução da frequência e da intensidade das crises.
Além disso, mudanças no estilo de vida, como controle do estresse e identificação de gatilhos, são essenciais.
“Quanto às dores de cabeça comuns, como as tensionais, geralmente respondem bem a analgésicos simples, como paracetamol ou dipirona. Porém, quando se torna crônica, pode também ser necessário um tratamento contínuo com medicamentos para tentar reduzir o número de crises”, conclui o médico.