Quase um terço das pessoas que passaram por transplante de coração no primeiro semestre deste ano no Brasil ficaram menos de 30 dias na fila de espera pelo órgão, assim como Fausto Silva, o Faustão. Nesta segunda-feira, 28, a esposa dele, Luciana Cardoso, contou que o apresentador esperou 20 dias para receber o novo coração.
De 1º de janeiro a 27 de agosto deste ano, foram realizados 262 transplantes de coração no País. O tempo de espera teve a seguinte variação de atendimento, conforme dados do Ministério da Saúde enviados ao Terra:
- Menos de 30 dias - 72 pessoas (27,5%);
- De 30 a 90 dias - 65 pessoas (24,8 %);
- De 3 a 6 meses - 39 pessoas (14,8%);
- De 6 meses a 1 ano - 48 pessoas (18,3%);
- Mais de 1 ano - 38 pessoas (14,5%).
Atualmente, há 379 pessoas aguardando um transplante de coração. Em todo o País, considerando todas as modalidades – córnea, fígado, rim, pâncreas, pâncreas/rim, coração, pulmão e multivisceral –, 66.273 pessoas estão na fila de espera por um transplante. Desses, 54% (35.491) são do sexo masculino, e 46% (30.782) são do sexo feminino.
A fila de espera para transplantes é única. As listas são geridas pelas centrais estaduais de transplantes. Os órgãos destinados à doação não utilizados no próprio Estado são direcionados para a Central Nacional de Transplantes, que busca um receptor na lista única.
Como funciona a fila de transplantes
Entenda abaixo o funcionamento da lista de espera de transplantes, segundo informações do Ministério da Saúde e da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos:
- A coordenação-geral do Sistema Nacional de Transplantes, do Ministério da Saúde, é a responsável por gerenciar e monitorar o processo de doação e transplantes no País;
- O primeiro passo, caso a pessoa concorde com a realização do transplante, é o médico fazer a inscrição do paciente na lista de espera; só é permitida uma única inscrição;
- Os receptores são separados conforme o órgão que necessita;
- A posição do paciente na lista se dá de acordo alguns requisitos: ordem de inscrição, gravidade e urgência da situação, tipo sanguíneo, compatibilidade com doador existente, entre outras especificações;
- Assim que surgir um órgão compatível e levando em conta todos os requisitos anteriores, o paciente é encaminhado ao hospital onde realizará o procedimento de transplante;
- Os critérios de desempate são diferentes conforme o órgão ou tecido; entre os fatores, a gravidade da doença é motivo de priorização;
- No desempate, crianças têm prioridade quando o doador é criança ou quando concorrem com adultos;
- A posição do paciente na fila pode ser consultada no Cadastro Técnico Único do Ministério da Saúde. Para o Estado de São Paulo, o link é o da Secretaria de Estado da Saúde.
Caso do Faustão
Faustão, de 73 anos, foi operado na tarde de domingo, 27, para receber o transplante de coração. A cirurgia aconteceu no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, onde ele está internado desde o dia 6 de agosto, e durou cerca de 2h30.
O hospital foi acionado pela Central de Transplantes do Estado de São Paulo já na madrugada de domingo, quando foi iniciada a avaliação sobre a compatibilidade do órgão, levando em consideração o tipo sanguíneo B.
De acordo com o boletim médico, o procedimento foi realizado com sucesso. Faustão permanece internado na UTI, já que as próximas horas são importantes para acompanhamento da adaptação do órgão e controle de rejeição.
No domingo, o Ministério da Saúde também emitiu uma nota em que explica os critérios que tornaram o apresentador como prioritário na fila de espera. Segundo a pasta, Faustão foi priorizado em razão de seu estado muito grave de saúde.