Muitas pessoas que eventualmente são diagnosticadas com Alzheimer começam a experimentar dificuldades para adormecer e manter o sono anos antes de surgirem problemas cognitivos, como perda de memória e confusão. Esse ciclo vicioso ocorre porque a doença de Alzheimer provoca mudanças no cérebro que perturbam o sono.
Pesquisadores da Washington University School of Medicine em St. Louis identificaram uma possível forma de quebrar esse ciclo. Um pequeno estudo realizado por duas noites mostrou que pessoas que tomaram um medicamento para dormir antes de deitar apresentaram uma redução nos níveis de proteínas chave associadas ao Alzheimer.
O estudo é preliminar, pois analisou apenas o efeito de duas doses do medicamento em um pequeno grupo de participantes. Mais pesquisas são necessárias para confirmar a eficácia dessa abordagem.
Em entrevista ao Terra Você, o médico neurocirurgião, Felipe Mendes, alerta que o uso de medicamentos para dormir sem orientação médica pode resultar em uma série de riscos e efeitos colaterais. Entre os mais comuns estão:
- Dependência;
- Tolerância;
- “Efeito rebote", em que a insônia piora após a interrupção do uso.
Além disso, pode haver efeitos colaterais como tontura, confusão mental, sonolência excessiva durante o dia, e risco aumentado de quedas, especialmente em idosos.
A automedicação também pode mascarar condições subjacentes mais graves, como apneia do sono ou depressão, que necessitam de tratamento adequado.
“O ideal é que o uso desses medicamentos deve ser sempre supervisionado por um médico”, destaca.
Para pessoas que desejam prevenir doenças como Alzheimer, o médico recomenda intervenções no estilo de vida e monitoramento regular da saúde. Entre as medidas preventivas mais eficazes estão:
- Manutenção de uma dieta equilibrada, como a dieta mediterrânea, rica em antioxidantes, ácidos graxos ômega-3 e baixa em gorduras saturadas;
- Realização de exercício físico regular, que melhora a saúde cardiovascular e a função cerebral;
- Estimulação cognitiva, através da leitura, jogos de memória e aprendizado contínuo, que ajudam a fortalecer as redes neurais;
- Controle rigoroso de comorbidades como hipertensão, diabetes e colesterol elevado.
Além disso, evitar o tabagismo e consumo excessivo de álcool e buscar ter um sono adequado, já que distúrbios do sono estão relacionados à piora da função cognitiva.