O tema sangramento no cérebro, também chamado de hemorragia cerebral ou hemorragia intracerebral, vem despertando o interesse da população não apenas pela sua gravidade, mas também pela complexidade dos seus sintomas, tratamentos e consequências.
Nos últimos dias, o ator Tony Ramos e o ex-diretor de plateia do apresentador Silvio Santos, Gonçalo Roque, precisaram ser internados por causa de um sangramento cerebral.
Como acontece sangramento no cérebro
O sangramento no cérebro ocorre quando um vaso sanguíneo no cérebro se rompe, causando vazamento de sangue nos tecidos cerebrais. Isso pode resultar em danos às células cerebrais e comprometimento das funções neurológicas.
Causas do sangramento no cérebro
Em entrevista ao Terra Você, o neurocirurgião especialista em doenças cerebrovasculares, Victor Hugo Espíndola, explica que as causas mais comuns são os sangramentos oriundos de hipertensão arterial.
“O paciente tem um pico hipertensivo e causa um tipo de sangramento que normalmente é mais profundo no cérebro e não é cirúrgico a não ser que seja de uma quantidade de sangue muito grande”, explica o médico.
Além disso, os aneurismas cerebrais, malformações arteriovenosas, fissuras durais, trombose venosa cerebral e traumas também podem provocar sangramento intracraniano.
Quais são as sequelas de uma hemorragia cerebral?
O médico explica que as sequelas de uma hemorragia cerebral vão depender do volume de sangue, do local em que ocorreu a hemorragia e da rapidez no tratamento do caso.
Um paciente com alto volume de sangue pode desenvolver uma hipertensão intracraniana, e se não operar rápido, pode falecer, ou ficar com sequelas graves e irreversíveis, como por exemplo:
- Ficar acamado;
- Perder a comunicação;
- Perder a mobilidade;
- Depender de outras pessoas para atividades básicas.
A pessoa que apresenta baixo nível hemorrágico, pode ter sequelas a depender da região em que o cérebro foi atingido. Se por acaso for um sangramento pequeno numa área que não é eloquente, pode ser que o paciente fique até sem sequelas. Entre os efeitos podem ocorrer:
- Alteração da fala;
- Alteração visual;
- Alteração na memória;
- Complicações na mobilidade.
Qual a chance de sobreviver a uma hemorragia cerebral?
O neurocirurgião conta que as chances de sobreviver a uma hemorragia cerebral dependem da causa, da quantidade de sangramento e se o paciente foi submetido a um tratamento adequado.
“São quadros complexos e que demandam um tratamento muito bem feito, muito bem otimizado, tanto da parte da equipe da neurocirurgia, quanto da parte da equipe de UTI e posteriormente da reabilitação, caso o paciente tenha ficado com alguma sequela”, afirma o profissional.
Sangramento no cérebro: caso de Tony Ramos e Roque, ex-assistente de Silvio Santos
Nos últimos dias, duas personalidades da mídia foram vítimas de um sangramento no cérebro. O ator Tony Ramos precisou ser internado e passou por duas cirurgias para tratar um hematoma subdural.
Gonçalo Roque, diretor de auditório do programa Silvio Santos, também precisou ser internado com um sangramento intracraniano na região frontal da cabeça. Os dois passam bem, de acordo com a assessoria de ambos.
Quanto à similaridade do diagnóstico de Roque e Ramos, o neurocirurgião Bruno Burjaili explica ao Terra Você que existem diversos tipos de hematomas e que seus tratamentos dependem da região e da gravidade na qual eles se encontram.
“Dependendo da localização, da profundidade do sangramento intracraniano, ele vai ter um sobrenome, alguma designação a depender desta camada e dessa profundidade”.
Tratamentos e cuidados após sangramento no cérebro
Em casos de aneurisma cerebral, malformações arteriovenosas e fissuras, a causa precisa ser tratada. O médico explica que esse tratamento normalmente é feito por cateterismo, mas pode ser que precise ser feito por cirurgia. “Se for um sangramento de grande volume, a gente tem que fazer a cirurgia para drenar o hematoma”.
Em casos de hemorragia com baixo volume, em pacientes que não apresentam hipertensão intracraniana exacerbada, o especialista diz que é feita uma observação médica para perceber se o próprio corpo irá absorver esse sangue.
Os cuidados podem variar a depender dos casos, mas incluem:
- Controle da pressão arterial;
- Tratamento de distúrbios de coagulação;
- Medicações para controlar sintomas e prevenir novos sangramentos.