Até o ano de 2018, o australiano James Harrison teve um papel importante na vida de 2,4 milhões de bebês, graças a um anticorpo presente em seu sangue. Ele possui o que é comumente conhecido como "sangue dourado", cujo plasma é utilizado na fabricação de uma vacina chamada Anti-D.
Nos últimos 60 anos, Harrison teve papel ativo na produção da vacina que previne a DHPN (Doença Hemolítica Perinatal), que pode ocasionar danos cerebrais, anemia, insuficiência cardíaca, aumento do figado e do baço e até a morte de recém-nascidos. Estima-se que, até o momento presente, menos de 50 pessoas foram identificadas com esse tipo sanguíneo no mundo.
Além dos antígenos A e B, presentes nos tipos sanguíneos A, B e AB, as células do sangue possuem outras proteínas, conhecidas como fator Rh, e sua existência ou inexistência estabelece se o tipo sanguíneo é positivo ou negativo, conforme repercutido pelo jornal Folha de Pernambuco.
No caso de Harrison e outros portadores do 'sangue dourado' o fator Rh é inexistente em razão de uma mutação genética. Esta condição também transforma pessoas como Harrison em doadores universais para casos raros do sistema Rh, já que os antígenos que desencadeariam o sistema imunológico são inexistentes.
Doação
Porém, se uma pessoa que possui sangue Rh nulo necessitar de uma transfusão, os possíveis doadores são escassos, pois os tipos sanguíneos considerados tradicionais não são compatíveis, ou seja, o corpo desta pessoa apenas aceita o sangue de alguém com a mesma condição.
Aos 14 anos, após passar por uma cirurgia crítica que demandou transfusões de sangue, James Harrison descobriu a sua rara condição. Desde então, ele passou a doar seu plasma sanguíneo o máximo que lhe era permitido. Em 2018, ele anunciou aposentadoria das ações. Na época, ele afirmou ao jornal 'The Sydney Morning Herald' que a sua última doação marcou "um dia triste para mim".