Para o beijo continuar sendo uma das experiências mais agradáveis da vida, é preciso estar com tudo em ordem, isso quer dizer, hálito fresco, boca saudável e sexo seguro.
Doença saudável
O beijo é o caminho mais fácil para pegar o vírus Epstein-Barr, que aproveita o contato direto da mucosa com a saliva contaminada. A pessoa com mononucleose infecciosa tem mal-estar, febre, dor de cabeça e de garganta, aumento de gânglios, ínguas no pescoço e inflamação leve e transitória do fígado (hepatite). “Esse beijo contaminado pode causar herpes de lábio, algumas formas de hepatite, gripes e resfriados”, explica dentista Rodrigo Bueno de Moraes, do blog do Sorriso.
“Como se trata de um vírus, é importante que o indivíduo não tenha baixa resistência imunológica, alimente-se e durma bem, consuma complementos vitamínicos e outros”, diz a estomatologista Maria Carméli Sampaio, consultora da ABO – Associação Brasileira de Odontologia. Segundo a especialista, a higiene também não pode ser deixada de lado para prevenir a mononucleose e outras doenças. “Uma higienização oral frequente ajuda a evitar outros problemas, como a transmissão de cárie, que também se aproveita da troca de salivas”, completa.
Hálito fresco
“Quando o hálito não é bom, o beijo passa a ser evitado e a intimidade é afetada, consequentemente, o sexo também passa a não ser tão bom, e também é evitado”, diz a psicóloga Marina Vasconcellos, terapeuta de casal. A maior causadora da halitose é a saburra lingual, uma placa bacteriana esbranquiçada que se forma na parte posterior da língua e surge quando há diminuição da salivação ou descamação. O problema é que a halitose normalmente vem acompanhada pela fadiga olfatória, isso quer dizer, quem tem mau hálito se acostuma com o cheiro e não sente o próprio hálito.
Nesses casos, a melhor solução é a boa e velha conversa. Segundo uma pesquisa da Associação Brasileira de Halitose - ABHA -, 99% dos portadores de mau hálito disseram que queriam ter sido avisados antes. Aproveite a hora do beijo para falar sobre o assunto. Pergunte o que ele comeu, pois sentiu um gosto estranho na boca. Caso ele não entenda a insinuação, em outro dia, faça o comentário novamente, e pergunte se não é melhor marcar um horário no dentista para saber se está tudo certo.
Sexo seguro
Para quem está se perguntando o que sexo seguro tem a ver com saúde bucal, a resposta é câncer bucal. Isso ocorre porque o sexo oral sem proteção pode transmitir o Papilomavirus Humano (HPV) que está diretamente ligado a casos de câncer de cabeça e pescoço.
Segundo uma pesquisa feita pela Faculdade de Saúde Pública da USP com 1.475 pacientes, 72% dos casos de câncer de cabeça e pescoço apresentou o vírus HPV do tipo 16 - o mais relacionado ao desenvolvimento desses tipos de câncer. Existem duas vacinas contra o HPV. Uma delas, a bivalente, protege contra dois tipos de vírus, mais associados ao câncer de colo do útero – o 16 e o 18. A quadrivalente também previne contra os tipos 6 e 11, presentes em 90% dos casos de verrugas genitais.
Para fazer o diagnóstico, o cirurgião-dentista é o profissional mais capacitado. Ele prestará os primeiros esclarecimentos e encaminhará o paciente ao tratamento adequado. Segundo o oncologista Artur Malzyner, consultor científico da CLINONCO e médico do Hospital Israelita Albert Einstein, o dentista é quem tem acesso às alterações da boca muito antes de os sintomas aparecerem. “O dentista é um grande parceiro do oncologista no diagnóstico precoce, prevenção e tratamento do câncer”, constata.
Outras DSTs que têm no sexo oral um grande parceiro de transmissão são a gonorreia, caracterizada por vermelhão, ardência e prurido na mucosa, e a sífilis, ferida indolor no lábio ou língua. Além dos cuidados antes – selecionando bem o parceiro – e durante – usando preservativo –, é importante não descuidar depois. A visita regular ao cirurgião-dentista pode ser decisiva por facilitar o diagnóstico precoce de diversas doenças relacionadas à cavidade bucal.