A ortodontia preventiva e interceptativa usa aparelhos móveis na dentição decídua (de leite) ou mista (fase de troca de dentes) e tem o objetivo de corrigir e atenuar precocemente problemas esqueléticos (como mordidas cruzadas) e até recuperar espaços para que os dentes permanentes possam nascer sem problemas, além de evitar futuras extrações. “Nesse tipo de tratamento o foco do aparelho não será desentortar os dentes, mas sim arrumar os ossos da face” diz a dentista Eliana Gomes da Silva.
Outro caso de uso de aparelhos nessa fase é quando há a necessidade de fazer uma reeducação da postura da língua. “Este tipo de aparelho apresenta uma grade para impedir que a língua empurre os dentes, mas é preciso também exercícios de postura lingual com este aparelho. Dependendo da gravidade do caso, é preciso um acompanhamento com fonoaudiologia” explica João Sarmento Pereira Neto, dentista e doutor em Ortodontia pela Unicamp.
Para João, é fundamental que o diagnóstico nessa fase seja rígido e preciso, pois muitas vezes é necessário um acompanhamento multidisciplinar. “Não basta usar aparelho, mas deve ser determinado o fator etiológico (causa) do problema para que possa ser corrigido ou minimizado”.
Idade certa
Segundo Eliana, a partir dos três anos de idade já podem ser percebidos alguns desvios ósseos na mandíbula (ossos dos dentes debaixo) e maxila (ossos dos dentes de cima). “Nessa fase o que mais observamos é a mordida cruzada e se a criança está começando a ficar com o queixo para frente ou ‘bicuda’”, explica a especialista.
É também nessa fase que algumas intervenções nos hábitos das crianças podem ser feitas. “Essa é também uma ótima hora para começar a indicar aos pais que cortem aos poucos a chupeta e a mamadeira para garantir que a arcada dentária deles seja o menos possível afetada”, diz Eliana.
Mas o tratamento com aparelho deve ser iniciado somente a partir dos cinco anos de idade, pois é considerada a maturidade e a capacidade que a criança terá para limpar os dentes e o aparelho corretamente. “O tratamento precoce tem inúmeros benefícios e quando houver a colaboração do paciente e dos pais, o uso do aparelho fixo, se necessário no futuro, poderá ser bem menor”, diz João.