Assim que o exame dá positivo, as futuras mamães correm para começar o pré-natal para garantir que o bebê chegue com a saúde 100%. Mas para que isso aconteça, é essencial incluir na agenda a visita ao dentista. As consultas odontológicas durante a gravidez são importantes, tanto para diminuir a transmissibilidade da cárie e os riscos decorrentes de doenças gengivais para a saúde do feto, como para orientar a gestante em relação à saúde oral da família.
A dentista Rosana de Fátima Possobon, professora da área de Psicologia Aplicada da faculdade de odontologia da Unicamp, sugere que o ideal é que a gestante seja atendida ao menos uma vez por trimestre. Além da orientação sobre dieta e do treinamento de práticas de escovação e uso do fio dental, alguns métodos preventivos podem ser utilizados com as gestantes.
Normalmente, o mais indicado é que os tratamentos sejam feitos no segundo trimestre da gestação, por ser uma fase mais confortável para a mulher. É nessa época que a dentição do bebê começa a ser formada – os dentes de leite por volta do 4º mês de gestação e os permanentes no 4º mês de vida.
No primeiro trimestre, quando o feto ainda está em formação, alguns medicamentos devem ser evitados. “Neste período também é comum à mulher sentir-se fisicamente indisposta, com episódios de náusea e vertigens que podem dificultar o trabalho do dentista”, diz Rosana.
Da mesma forma, nos últimos três meses, geralmente é desconfortável para a gestante ficar na cadeira do dentista, devido ao volume do abdômen que pode comprimir as veias cavas, dificultando a respiração nesta posição. “Entretanto, diante de quadros de dor ou infecção, o dentista deve intervir de pronto, sem considerar a idade gestacional”, alerta a dentista. Procedimentos preventivos, pelo seu caráter pouco invasivo e de curta duração, também podem e devem ser realizados durante todo o período gestacional.
Perigos
As mudanças fisiológicas presentes nesta fase não se limitam aos órgãos reprodutores, afetam o organismo feminino como um todo. Há, por exemplo, a tendência ao agravamento da doença gengival e o aumento dos índices de cárie. Isso ocorre por diversos fatores, como deficiências nutricionais, alterações nos níveis hormonais, alterações das espécies microbianas orais.
Existem fortes evidências de que mães com doença periodontal têm mais chance de ter filhos prematuros – abaixo de 37 semanas de gestação – e com baixo peso – inferior a 2500g – e ainda desenvolver quadros de pré-eclâmpsia que é a elevação da pressão arterial. “Pesquisadores acreditam que os estímulos inflamatórios podem induzir uma hiperirritabilidade da musculatura uterina, provocando contração do útero e dilatação, que atua como gatilho para o parto prematuro”, afirma Rosana.
Também há a possibilidade da contaminação de cárie na criança, após seu nascimento, por bactérias presentes na cavidade bucal da mãe. Este é outro motivo para cuidar da prevenção e reduzir os níveis de microrganismos orais na mãe. Segundo Rosana, a transmissão de microorganismos é especialmente prejudicial quando ocorre no período de erupção da dentição decídua, chamado de janela de infectividade. “Alguns autores enfatizam que os cuidados com a cavidade oral da mãe nesta época podem diminuir a contaminação da boca da criança e, consequentemente, sua futura experiência com a cárie”.
Sinal verde
A professora Rosana Possobon responde o que pode durante a gravidez.
Tratamento dentário
PODE. Procedimentos curativos e restauradores podem ser conduzidos nesta fase de forma segura, desde que sejam observados os cuidados relativos ao uso de anestésicos adequados, à tomada radiográfica com proteção e, de preferência, no segundo trimestre de gestação.
Anestesia
PODE. Alguns anestésicos podem ser prejudiciais ao bebê, mas há outros seguros, rotineiramente utilizados pelos cirurgiões-dentistas.
Raio-x
PODE. Desde que seja feito com proteção de avental de chumbo e o adequado controle do tempo de exposição à radiação, cuja técnica é conhecida dos profissionais de saúde bucal.
Flúor
PODE. A aplicação tópica de flúor, quando necessária, pode ser feita pela gestante sem nenhum problema. Entretanto, não se deve fazer suplementação de flúor, por meio de medicação contendo fluoretos.
Fonte: Intere
Fonte: Terra