Alguns especialistas são a favor do uso da chupeta, pois alegam que ajuda no desenvolvimento da criança. Outros afirmam que seu uso prejudica a dentição infantil. Afinal, ela deve ser oferecida aos bebês, ou não?
Essa é uma escolha que só cabe a mãe. Mas para ajudá-la, vamos tentar pontuar os prós e os contra de seu uso, com a ajuda de profissionais. Para o odontopediatra, Gustavo Camilo, o uso da chupeta não é tão condenável como muitos dizem.
Para ele, a criança tem a necessidade de sucção não só na hora da amamentação. É uma necessidade de sugar com o objetivo de exercitar toda a musculatura da boca e da face para que, por meio deste estímulo, tais estruturas possam se desenvolver se forma adequada. “Oferecer a chupeta à criança desde cedo pode estimular este processo fisiológico, ajudando no desenvolvimento das estruturas da boca”, diz o especialista.
Idade certa
Mas é preciso ter limites para que seu uso não comece a ser perigoso. “O ideal é que a criança deixe de usar a chupeta por volta dos dois anos, para que não haja qualquer comprometimento das estruturas da boca”, diz Gustavo.
Na pior das hipóteses, os pais devem desestimular o uso antes do início da troca dos dentes de leite pelos permanentes, entre 5 e 6 anos. “Mas, como hoje em dia a criança já tem uma vida social bem precoce, como as atividades escolares, por exemplo, este pode ser um bom motivo para descontinuar o uso antes”, diz o especialista.
Problemas bucais
Sem os devidos cuidados, o uso desenfreado da chupeta pode sim causar problemas bucais. “A chupeta pode atrapalhar o crescimento e o desenvolvimento normais das estruturas da face e causar alterações na forma do arco dentário, causando mordidas abertas ou cruzadas, mau posicionamento dos dentes e da língua e uma deglutição atípica”, diz Gustavo.
Mas, para o especialista, isso só vai acontecer se seu uso for frequente, intenso e longo. “É possível um uso moderado sim. Não a oferecer para a criança toda hora; evitar comprar novas a todo instante e não montar uma coleção de chupetas são formas de diminuir seu uso e minimizar seus possíveis danos”, diz o dentista.
Criação sem chupeta
Gustavo Camilo e Rosana Possobon, professora e coordenadora do Cepae (Centro de Pesquisa e Atendimento Odontológico para Pacientes Especiais) da Unicamp, acreditam que se a criança é beneficiada com a amamentação natural desde o princípio e por bastante tempo (mais de seis meses), muitas são as chances de ela se desenvolver sem a necessidade da chupeta.
“O ato de amamentar é fundamental para o desenvolvimento da criança, não apenas pelos aspectos nutricionais ou afetivos. Mamar no peito é um exercício natural que estimula as estruturas bucais na direção de um desenvolvimento adequado. Claro que, para isso, é preciso muita dedicação, paciência e amor por parte dos pais”, diz Gustavo.
Uma dica legal é optar pela ordenha manual para a extração do leite antes da mamada. “Essa prática simples, serve para aliviar o peito e deixar o bico mais macio a fácil de abocanhar, ajuda a criança a exercitar suficientemente os músculos da face e língua, evitando a necessidade do uso da chupeta e da mamadeira, além de ajudar a mãe que tem dificuldade de produzir leite”, diz Rosana.