Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que uma em cada 650 crianças nasce com fissura lábio-palatina no Brasil. Também conhecida como lábio leporino ou fenda lábio-palatina, é uma abertura que pode ocorrer somente no lábio, no céu da boca, chamado palato, ou nos dois locais. 

Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que uma em cada 650 crianças nasce com fissura lábio palatina no Brasil
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que uma em cada 650 crianças nasce com fissura lábio palatina no Brasil
Foto: Shutterstock

A malformação ocorre no começo da gestação, entre a 4ª e a 12ª semana e pode ser identificada a partir do terceiro mês com ultrassom. Assim que recebem a notícia, o que pode ser feito, e deve ser prioritário, é o acompanhamento psicológico dos pais, além de outras orientações que envolvem uma rotina diferenciada para as famílias com bebês que tenham a fissura.

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A amamentação, por exemplo, é diferenciada. Dependendo da fissura, o bebê não consegue sugar o leite e precisa do auxílio de uma colher. Em outros casos, as mamadeiras atendem bem. Já os que conseguem se alimentar normalmente no seio, podem mamar por menos tempo e mais vezes ao dia, uma vez que, com a entrada maior de ar, a criança se sente saciada antes, mas fica com fome mais rápido. “Caso apresente fenda palatina, o ortodontista confecciona uma placa que corrige/oclui temporariamente o defeito até que possa ser realizada a correção cirúrgica, e a criança de alimenta normalmente”, diz o cirurgião plástico, Victor Hugo Lara Cardoso de Sá, professor da Faculdade de Medicina do ABC.

Tratamento

Além da estética, as crianças estão mais propensas a terem outros tipos de problemas. “Os pacientes que não recebem tratamento adequado podem enfrentar dificuldades no convívio social, dificuldade na ingestão de alimentos, problemas respiratórios, dificuldades na fala”, afirma Cardoso de Sá.

Por esse motivo, é indispensável um tratamento multidisciplinar que envolve ortodontia, pediatria, fisioterapia, psicologia, fonoaudiologia e cirurgia plástica. A maioria das fendas pode ser reparada com cerca de três a cinco cirurgias, dependendo da fissura, para melhorar a capacidade da criança de comer, falar, ouvir e respirar.

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Apesar de não existir um consenso de qual a melhor idade para fazer a correção, alguns especialistas indicam que a operação da fenda labial seja feita entre três e seis meses, enquanto o palato pode ser fechado entre 12 e 18 meses. “Mas tudo depende da saúde geral da criança e de outros diversos fatores”, diz o cirurgião.

Também é importante a visita ao odontopediatra o mais cedo possível. “O atendimento odontológico precoce pode ajudar a detectar zonas de descalcificação, lesões, além de permitir revisar hábitos alimentares, reforçar a prática de higiene oral e pesquisar hábitos orais nocivos (chupar o dedo ou chupeta)”, afirma a cirurgiã-dentista Márcia André, responsável pelo ambulatório de Fissura Labiopalatina da Faculdade de Odontologia da USP. 

Segundo a professora, não só é possível como indispensável preservar a estrutura dentária das crianças com fissura lábio palatina por meio de medidas preventivas. “Isso inclui orientação dos pais quanto à dieta adequada e à manutenção de rigorosa higiene oral”, diz.

Causas

Especialistas ainda não bateram o martelo quanto às causas da fenda lábio palatina . Muito se diz que existe tanto a predisposição genética quanto fatores externos, como uso de álcool e tabaco durante a gravidez, algumas substâncias como o ácido retinóico e exposição à radiação. Alguns estudos também apontaram fatores étnicos e geográficos. 

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Algumas formas de prevenir a anomalia é ter os cuidados recomendados normalmente durante a gravidez, como pré-natal, hábitos saudáveis e vacinas em dia. O importante é saber que, com acompanhamento profissional adequado, a criança nascida com fissura lábio palatina pode ter uma vida normal, assim como seus pais.

Operação Sorriso

Voluntários médicos oferecem atendimento totalmente gratuito em diversas regiões do país para crianças portadoras da fissura lábio palatina. Geralmente, com severas dificuldades para se alimentar, falar, socializar-se ou mesmo sorrir, algumas delas são excluídas, escondidas do contato social e rejeitadas. E na maioria dos casos, seus pais não têm condições de pagar pela cirurgia que elas tanto necessitam para terem uma vida normal.

Com presença em 50 países e 10 Estados brasileiros, os programas e cirurgias gratuitas são feitas com a colaboração de voluntários e doadores. Mais de 160 mil crianças, sendo mais de 3,5 mil somente no Brasil já foram atendidas. A cirurgia dura cerca de 45 minutos, e pode transformar a vida de uma criança portadora da deformidade facial. 

Como ajudar

Cada cirurgia custa R$1000. No site da Operação Sorriso – www.operationsmile.org.br –, as pessoas podem doar a quantidade total da cirurgia ou comprar uma cota no valor de R$100. O programa também recruta voluntários da área da saúde: cirurgia plástica, anestesiologia, pediatria, pediatria Intensiva, técnica em manutenção de equipamentos hospitalares, fonoaudiologia, psicologia, odontologia (principalmente, ortodontia), enfermagem e nutrição.

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Fonte: Terra
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