Você já deve ter percebido que existem pessoas que tem mais “tendência” a ter cárie do que outras, não? Mais chocante do que isso é saber que esse fato pode não ter nada a ver com a frequência ou qualidade da escovação. Em alguns casos, o que determina um maior aparecimento da cárie são doenças, medicamentos ou a dieta.
E o que comprova isso é um estudo feito pela Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, que afirma que a cárie só surge a partir de dois motivos: ou pela fermentação do açúcar ou pelo desgaste/dano do dente. Com base nisso, as pessoas com mais propensão a esse problema ou têm uma dieta a base de muito açúcar (e sim, não escovam os dentes muito bem) ou estão enfrentando situações que desfavorecem seu meio bucal.
Doenças e medicamentos
Como já sabemos, a saliva é o “detergente” natural da boca e tem a função de mantê-la sempre limpa e protegida contra vários problemas bucais, inclusive a cárie. Se alguma coisa passa a comprometer a quantidade e a qualidade salivar, a saúde e a estrutura do dente podem ficar comprometidas.
“Algumas pessoas realmente desenvolvem cárie mais precocemente e muitas vezes ela pode estar ligada a doenças ou medicações que causam xerostomia (boca seca e pouca saliva)”, diz Katia Regina Izola, professora da Escola de Aperfeiçoamento Profissional da APDC (Associação Paulista de Cirurgiões-Dentistas).
Pessoas que sofrem de doenças como a Síndrome de Sjogren, diabetes, fazem quimio ou radioterapia ou fumam costumam ter um menor fluxo salivar. “Há ainda aquelas que, por alguma razão, possuem uma saliva muito ácida que agride o esmalte do dente. Todas elas estão mais propensas a desenvolver cárie”, diz Luciana Lima Macedo, cirurgiã-dentista especializada em endodontia.
Alguns medicamentos também podem causar esse efeito na saliva. “Cerca de 400 medicamentos podem estar associados com xerostomia, entre eles podemos destacar alguns sedativos, antipsicóticos, antidepressivos e medicamentos anti-refluxo”, diz Luciana.
Doce dieta
A dieta da pessoa e seus hábitos também colaboram para o aumento do problema. Se há fumantes na casa (fazendo da prática um exemplo) ou se a família tem o hábito de comer muito doce o tempo todo, todos podem estar mais suscetíveis ao problema. “Os hábitos familiares são de extrema importância na determinação da saúde bucal”, diz Katia.
Já sabemos que as bactérias que vivem naturalmente nas nossas bocas grudam nos dentes e neles se acumulam na forma de placa dental. Toda vez que essa placa é exposta à açucares da dieta, as bactérias transformam os açúcares em ácidos e esses dissolvem os minerais dos dentes.
“Por isso, pior que as bactérias da cárie, são os maus hábitos da família com relação ao consumo de açúcar. Em outras palavras, a herança da cárie está no “livro de receitas”, nos costumes que são passados de gerações em gerações!”, diz Jaime Aparecido Cury, professor da Faculdade de Odontologia da FOP, Unicamp.
Katia ainda alerta para a existência de dietas forçadas por alguma condição. “Existem bebês, por exemplo, que nascem com problemas cardíacos. Nesses casos, há um comprometimento da dieta da criança que terá que ser hipercalórica, podendo levar ao quadro de lesões de cárie na dentição de leite”, diz a professora. Crianças mais propensas e ter cárie podem se tornar adultos com o mesmo problema.