De acordo com um estudo feito pelo University College London, as pessoas que não escovam os dentes pelo menos 2 vezes ao dia aumentam em 70% as chances de ter doenças cardíacas. A pesquisa foi feita durante oito anos com 11 mil adultos da Escócia. Durante o período de avalição, foram registrados 555 registros cardiovasculares (como enfartes), sendo 170 fatais.
Segundo o jornal que publicou a pesquisa, já se sabia que inflamações na boca e na gengiva tinham um papel importante no entupimento das artérias, um dos fatores que levam a doenças cardíacas. No entanto, essa seria a primeira vez que se confirmou que a frequência da escovação também influencia na incidência dessas doenças.
“A pouca ou má higienização da boca pode levar a quadros inflamatórios e/ou infecciosos, como cárie e periodontite, que podem afetar toda a saúde do indivíduo, já que os dentes mantem contato com outras estruturas do corpo, como ossos e corrente sanguínea”, diz Sandra Kalil Bussadori, professora da Escola de Aperfeiçoamento Profissional da APDC (Associção Paulista de Cirugiões-Dentistas).
Endocardite bacteriana
Segundo Sandra, um exemplo clássico de que doenças bucais podem acarretar problemas de saúde mais sérios é a endocardite bacteriana (inflamação nas válvulas do coração que pode ser causada por uma simples dor de dente). Essa doença é causada pela bactéria Streptococcus Viridans, normalmente encontrada na boca. O problema é que na cavidade bucal esse microrganismo não causa dano, porém, ao entrar na correte sanguínea, vai direto para o coração e provoca a inflamação.
Três vezes por dia é o ideal
Para ficar longe desse tipo de complicação, o ideal é que a escovação seja feita pelo menos três vezes ao dia, após as principais refeições (café da manhã, almoço e jantar/antes de dormir) e com o uso do fio dental e de raspadores linguais. “A escovação é importante, tanto para desorganizar o biofilme (placa bacteriana), como para disponibilizar flúor ao meio bucal com a pasta de dente”, diz Sandra.
Também é importante uma consulta com o cirurgião-dentista, que ensina a melhor técnica de escovação, a frequência ideal e o período de retorno. “Cada pessoa tem o seu, de acordo com o risco que apresenta para desenvolvimento das doenças bucais para evitar complicações em saúde oral e, consequentemente, saúde geral”, diz a especialista.