Segundo dados do Ministério da Saúde, quase 49% da população brasileira estão acima do peso. A obesidade é um problema enfrentado no mundo inteiro e encarado como epidemia, até mesmo à frente da desnutrição. O SUS gasta, anualmente, R$ 488 milhões com o tratamento de doenças associadas à obesidade, como diabetes, doenças do coração e alguns tipos de câncer.
Alguns estudos recentes comprovam que o mal também atinge a saúde bucal de inúmeras formas, principalmente com as doenças periodontais – doença gengival que tem como característica principal a destruição óssea ao redor da raiz do dente. Um deles, da Escola de Saúde Pública da Universidade de Harvard (EUA), acompanhou 37 mil homens por 16 anos e percebeu que a obesidade estava associada a um aumento de 29% dos casos de problemas inflamatórios bucais. Segundo os cientistas, isso seria causado por substâncias inflamatórias presentes nas células de gordura.
O cirurgião-dentista Afonso Luís Puig Pereira, do Instituto Israelita de Responsabilidade Social Albert Einstein, explica que o tecido adiposo funciona como um reservatório de substâncias que podem aumentar processos inflamatórios. São as chamadas citocinas, moléculas que tem a função de regular a resposta inflamatória e imunológica. Quando existe uma agressão à gengiva por bactérias causadoras da periodontite, há uma liberação das citocinas proporcional à quantidade de tecido adiposo. “Portanto, quanto mais obeso o indivíduo com periodontite, maior é a liberação destas susbtâncias, maior a resposta inflamatória na gengiva e, consequentemente, haverá um aumento da doença periodontal”, diz Pereira.
O dentista conta que em pesquisas atuais sobre a relação entre obesidade e periodontite foi verificada a necessidade de manter um peso corporal adequado à altura para evitar uma resposta inflamatória exacerbada em um quadro de doença gengival em curso. “Adicionalmente, ao emagrecer a pessoa terá uma probabilidade menor de desenvolver outras doenças como Diabetes tipo 2, cardiopatias, hipertensão arterial, dislipidemias”, afirma.
Açúcar: o vilão
O filme ‘Muito Além do Peso’ mostra que 33% das crianças brasileiras pesam mais do que deviam, e, pela primeira vez na história, apresentam sintomas de doenças de adultos, como problemas de coração, respiração, depressão e diabetes tipo 2.
Outro dado alarmante é que o consumo excessivo de açúcar contribui para a morte de 35 milhões de pessoas por ano no mundo, o que equivale mais ou menos à população do Canadá. Problema sério para o Brasil, uma vez que 56% dos bebês tomam refrigerante antes do primeiro ano de vida. O consumo de uma latinha de refrigerante por dia, durante um mês, implica na ingestão de 1,115kg de açúcar.
Na saúde bucal, o açúcar é grande aliado da cárie. “A fermentação de açúcares pelas bactérias cariogênicas desmineralizam a superfície do dente, que pode provocar as cavidades conhecidas como cárie dental”.
O ideal é escolher um estilo de vida que inclui bons hábitos alimentares e atividade física rotineira. Alimentos com a quantidade apropriada de calorias mantém o peso. “Essa quantidade varia de pessoa para pessoa e depende de muitos fatores como peso, altura, sexo e nível de atividade física”, ressalta Pereira.
Cenário
- No Brasil, 33,5% das crianças sofrem de sobrepeso ou obesidade.
- 56% dos bebês tomam refrigerante frequentemente antes do primeiro ano de vida.
- Uma latinha de refrigerante contém sete saches de 5g de açúcar.
- O consumo de uma latinha de refrigerante por dia, durante um mês, implica na ingestão de 1,115kg de açúcar.
- Um suco em caixinha “natural” contém seis saches de 5g de açúcar.
- O consumo excessivo de açúcar contribui para a morte de 35 milhões de pessoas por ano no mundo, o que equivale mais ou menos à população do Canadá.
- Por dia, as crianças brasileiras passam em média três horas na escola e cinco horas em frente à TV.