População não escova os dentes quanto deveria, diz estudo
Pesquisa mostra que, apesar de alegar que escovam os dentes três vezes por dia, as pessoas praticam esse hábito menos do que deveriam
6 nov2014 - 08h00
Acreditando que o certo é escovar os dentes três vezes por dia, algumas pessoas dão essa resposta quando participam de testes em formas de questionário sobre a freqüência de sua higiene bucal. Porém, um estudo feito pela Faculdade de Saúde Pública, da USP, com testes práticos observou que essas respostas não estão de acordo com os hábitos reais da população do país.
A pesquisa foi divida em três partes. Em uma delas, foi aplicado um questionário sobre frequência de escovação em adolescentes de uma escola da Piracicaba, interior de São Paulo. Cerca de 73,7% responderam que escovam os dentes três ou mais vezes ao dia.
Porém, nas duas fases práticas, o resultado foi um pouco diferente. Primeiro, foi entregue um tubo de pasta de dente aos jovens participantes da pesquisa e verificada a quantidade de pasta de dente que cada um costumava colocar habitualmente em sua escova. Depois de um tempo, esse tubo usado foi recolhido para a análise levando em consideração a quantidade de pasta usada por escovação e os dias de teste. Desta vez, percebeu-se que apenas 55,3% dos jovens escovam os dentes três ou mais vezes por dia. É uma diferença de 18,4% entre o teste prático e o questionário.
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“Esse resultado indicou uma superestimação da frequência de escovação estimada pela entrevista, resultado que fortalece a hipótese de que a convenção social pode exercer importante influência na resposta dos entrevistados, em que os pacientes relatam que escovam mais vezes os dentes do que realmente acontece na prática”, diz Luiz Felipe Scabar, responsável pela pesquisa.
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É difícil saber qual é a melhor forma de fazer a higiene bucal. Muitos mitos ainda são divulgados, conselhos da vovó que não se aplicam mais e falta de tempo para marcar horário no dentista. Para facilitar a vida, o cirurgião-dentista, Hugo Roberto Lewgoy, professor de Odontologia da faculdade Uniban Anhanguera, tira dúvidas com um manual de 10 dicas para uma higiene oral perfeita.
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Passo 1 - Antes de qualquer coisa, lave mãos e unhas com água e sabão. Faça um bochecho com água para eliminar resíduos de alimentos, pois isto diminui a chance da comida ficar presa entre as cerdas da escova.
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Passo 2 - Escolha da escova - O principal item que define a qualidade da escova dental é o grau de maciez e a quantidade de cerdas. Opte pelas ultramacias com, no mínimo, cinco mil cerdas. Prefira escovas com cabos lisos, as borrachas nos cabos acumulam sujeira e facilitam a proliferação de bactérias. As escovas com tampa acrílica da cabeça, conservam e protegem as cerdas, além de evitar contaminações. Lembre-se de trocar a escova a cada dois ou no máximo três meses. Com cerdas novas, é mais fácil evitar o aumento de força na escovação.
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Passo 3 - Técnica de escovação - Faça movimentos vibratórios circulares com uma inclinação de 45 graus em relação à superfície dos dentes. As cerdas das escovas ficarão metade recobrindo a superfície dental e metade recobrindo a gengiva. Dessa forma é possível atingir o sulco gengival, região onde a sujeira mais se acumula. Estes pequenos movimentos vibratórios circulares devem ser executados por pelo menos 10 vezes em cada face do dente - parte de fora e parte de dentro. Esta técnica não pode em hipótese alguma ser realizada com escovas duras e sim do tipo ultramacias com uma grande quantidade de cerdas. Caso contrário, pode ocorrer retração gengival e abrasão do esmalte.
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Passo 4 - Medida certa de pasta - Tenha em mente que o importante é a escova e não a pasta dental. A pasta não pode ser abrasiva e deve ser utilizada em pequena quantidade - semelhante a um grão de ervilha. No caso das crianças, até os seis ou sete anos, procure um creme dental não abrasivo, sem flúor, até que haja controle sobre a deglutição, pois, a água de abastecimento já é fluoretada e o excesso de flúor pode ser prejudicial.
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Passo 5 - Fio dental nem sempre ajuda - O fio dental é um poderoso aliado para prevenção das doenças orais, porém, devido à região entre os dentes ser côncava, o fio dental não é 100 porcento eficiente. É recomendado usá-lo para a remoção de detritos alimentares e para a higienização da região entre os dentes onde o contato é muito apertado.
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Passo 6 - Já tem escova interdental? Apenas as escovas interdentais alcançam completamente concavidades e irregularidades entre os dentes. Insira a ponta da escova interdental entre dois dentes de forma inclinada em direção a gengiva. Nos dentes superiores inclina-se a escova um pouco para cima e nos dentes inferiores inclina-se a escova um pouco para baixo. Lembre-se de fazer isso delicadamente. Se a escova deslizar muito facilmente, sem qualquer pressão, opte por uma de diâmetro maior. Não é necessário fazer movimentos de vai e vem, apenas coloque e retire a escova e a limpeza já estará feita. Mas lembre-se de usa-la diariamente.
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Passo 7 - Para improvisar - Para complementar a escovação durante o dia, principalmente quando está longe de uma pia, lance mão da escova unitufo. Esta escova permite a desorganização do biofilme oral das principais áreas de acúmulo que são justamente as margens gengivais. Passe a língua sobre os dentes, onde sentir que não está lisinho, escove com a escova unitufo. Não precisa enxaguar a boca ou usar creme dental. Esta escova pode ser utilizada a todo o momento como auxiliar a escovação principal, que deve preferencialmente ser realizada à noite antes de dormir.
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Passo 8 - Não se esqueça da língua - A limpeza da língua também deve fazer parte de uma higiene bucal perfeita, principalmente para prevenir a halitose. A halitose está relacionada principalmente pela presença de um tipo de placa bacteriana formada sobre a língua chamada de saburra lingual. Esta saburra sofre um processo de fermentação que provoca a liberação de gases derivados do enxofre que causam um odor muito desagradável na boca. Para evitar esse problema, faça diariamente a higienização da língua para remover a saburra lingual. Para isso, escolha os higienizadores linguais plásticos, do tipo CTC, que removem a saburra lingual sem machucar a língua e sem provocar ânsia e náuseas. A escova foi desenvolvida para escovar os dentes e não a língua.
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Passo 9 - Cuidado para usar o enxaguante bucal - O uso de antissépticos deve ser recomendado pelo dentista. Quando a desorganização da placa é realizada de forma eficiente, os antisépticos são totalmente dispensáveis. Fazer uma boa escovação, usar o fio dental ou a escova interdental e limpadores de língua são os melhores métodos para prevenir doenças orais.
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Passo 10 - A escova também precisa de cuidados Limpe a escova com água corrente. Dê pequenas batidas com a escova sobre a palma da mão. Pingue algumas gotas de antisséptico oral, preferencialmente a base de clorexidina 0,12 porcento, normalmente utilizado para bochechos. Coloque o protetor de cabeça que também deve ser limpo com antisséptico. Guarde a escova com o cuidado de deixá-la separada das outras. Antes da próxima escovação, a escova deve ser novamente muito bem lavada e enxaguada em água corrente para a remoção dos resíduos do antisséptico.
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Dica - Para os pequenos Deixe a criança tentar escovar os dentes de forma divertida, sem repressão ou crítica. Não reclame, por exemplo, se ela estiver mordendo as cerdas, pois, no começo isto é normal. Quando acabar a escovação, cheque se está tudo bem. A higiene bucal deve ser feita pelos pais até os seis ou sete anos, a partir daí, a criança começa a ter coordenação, mas precisa haver treino. Procure tirar um pouco a higiene oral exclusivamente do banheiro. Assistir a um desenho na TV ou jogar videogame enquanto escova os dentes não é algo que deva ser reprimido, mas, sim, incentivado.
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Três vezes pode ser pouco
Esse resultado torna-se ainda mais preocupante quando se analisa quantas vezes de fato se deve escovar os dentes por dia. A maioria dos entrevistados relatou que escova os dentes três vezes por dia, acreditando ser essa a quantidade satisfatória indicada pelos dentistas. Porém, segundo Luiz Felipe, a quantidade certa vai depender de quantas refeições a pessoa faz diariamente. “Devemos realizar a higiene bucal sempre após cada refeição, portanto um paciente que se alimenta cinco vezes durante o dia deve realizar a higiene bucal, no mínimo, cinco vezes”, diz.
Frequência x escolaridade
A pesquisa também observou uma relação entre o uso de creme dental e os níveis de renda e escolaridade das pessoas. “Os resultados da pesquisa mostram que a frequência do uso do creme dental depende do nível de escolaridade de um dos pais ou de ambos. Ou seja, indivíduos com maior nível de escolaridade e melhor nível socioeconômico escovam mais os dentes e a maior porcentagem dos usuários de creme dental fluoretado pertence a um grupo socioeconomicamente mais favorecido”, diz o especialista.
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Essas informações sugerem que crianças mais favorecidas apresentam mais fatores de proteção contra a cárie dentária, afinal, segundo o especialista, o creme dental com flúor é a estratégia mais apropriada para o controle e prevenção desse mal. “Diante desses resultados, é nosso dever trabalhar para melhorar o acesso ao atendimento e as informações sobre higiene bucal e mostrar a importância da rotina das visitas ao dentista para a população, em especial para as classes de menor renda. A distribuição equitativa de cremes dentais e estratégias intensivas para educação em saúde bucal deveriam ser consideradas a fim de diminuir o índice de cárie dentária”, diz Luiz Felipe.
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