Ronco: problema faz casal dormir separado por quase 1 ano
Depois de noites mal dormidas por causa do ronco, casal decide dormir separado para evitar brigas, mas a solução só piorou a relação
3 dez2014 - 08h00
Cássio e Fernanda são casados há três anos, mas, quando estavam juntos há um ano, perceberam que estavam com uma questão séria a ser resolvida. Cássio, que já tinha problemas de respiração e um desvio de septo acentuado, engordou bastante e passou a roncar demais quase todas as noites, para a infelicidade de Fernanda.
Como o problema de Cássio só piorava, as brigas entre o casal se tornaram inevitáveis. “Se eu tentava dar um toque nele, na madrugada, ele ficava bravo e resmungava que não fazia de propósito. Se eu passava a noite calada, quem não dormia era eu e aí ficava de mau humor o dia todo e, claro, acabava descontado nele. No dia seguinte, eram os dois impacientes e sonolentos, porque o ronco não deixava nenhum de nós dormir direito”, diz Fernanda.
“Eu me sentia super mal com tudo isso. Comprei dilatador de nariz, dormia de lado e evitava beber ou comer muito antes de dormir, mas nada adiantava”, diz Cássio. O ronco acontece quando as vias áreas ficam parcialmente bloqueadas ou obstruídas. Quando aparece, raramente indica algo grave, mas, quando passa a ser um problema corriqueiro, é sinal de que há algo errado.
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Medida drástica
Fernanda tomou uma iniciativa radical. “Comecei a descer para dormir na sala assim que começava a sinfonia. Dessa forma, evitava o transtorno de acordá-lo e conseguia dormir bem ou, pelo menos, melhor do que ao lado dele”, diz a Fernanda.
Magoado com a atitude da esposa, Cássio decidiu que ele é quem deveria dormir na sala, uma vez que era o grande “culpado” da situação. “A partir daí eu já deixei meu travesseiro e cobertores lá embaixo. Dormia na sala direto, sem nem tentar subir para a cama, durante 8 meses. Mas o pior é que parecia que nossa intimidade estava diminuindo e que a quantidade e qualidade das relações sexuais também. E a gente só tinha 1 ano e meio de casados, achava isso o fim”, diz Cássio.
O relato de Cássio se encaixa no resultado de uma pesquisa britânica divulgada pelo jornal Daily Mail. O estudo revelou que o ronco prejudica 30% das relações sexuais e que 46,4% dos homens sentem vergonha de roncar. E mais, a pesquisa concluiu que 37% dos britânicos que roncam dormem em quartos separados.
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A dentista Valéria Bordallo, especialista em ronco e apneia, esclarece mitos sobre o assunto.
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O ronco pode causar apneia? Pode causar, mas não necessariamente todo indivíduo que ronca tem apneia. O ronco é apenas o barulho causado pela vibração da entrada do ar durante a respiração, e a apneia é caracterizada por eventos recorrentes de obstrução da via aérea superior durante o sono.
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Dormir de barriga pra cima é a causa do ronco? Há vários fatores relacionados ao ronco: flacidez da musculatura, anatomia da face, obstrução nasal crônica, obesidade. Estes são alguns dos fatores que dificultam a passagem de ar pelas vias aéreas superiores, provocando o ronco. Por isso não podemos afirmar que o ronco seja mais frequente em quem dorme de barriga para cima, o indivíduo pode roncar em qualquer posição.
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Quando ronco é sinal que estou dormindo profundamente? Não. Em geral, quem ronca não atinge o sono profundo e, muitas vezes, acorda com o barulho do próprio ronco.
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Quando alguém exagera na bebida tem mais chance de roncar? Sim. O consumo exagerado do álcool provoca hipotonia da musculatura faríngea, favorecendo a obstrução da via aérea, o que aumenta as chances do indivíduo roncar.
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Quando a pessoa está muito cansada, ela ronca? O cansaço pode aumentar o ronco, justamente pelo fato de provocar um relaxamento maior da musculatura das vias aéreas superiores.
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O ronco é um problema para casais? O ronco causa sérios problemas sociais. Dependendo do grau, desgasta a relação do casal, levando-o muitas vezes a dormir em quartos separados.
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Roncar está relacionado com disfunção erétil? Segundo estudos, quando o ronco estiver associado à SAOS (síndrome da apneia obstrutiva do sono) até 25% dos homens (dentro deste quadro de ronco e apneia) apresentam redução da libido e impotência.
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O dentista pode ajudar no tratamento do ronco? Como? Sim. Dependendo do caso, há um aparelho intra oral utilizado durante o sono, indicado para melhorar a passagem de ar pela orofaringe, diminuindo ou até mesmo acabando com o ronco.
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Ronco não tem solução? O ronco tem solução. Dependendo do caso, o indivíduo pode ter que se submeter a uma cirurgia devido à hipertrofia da adenoide ou a um desvio de septo, por exemplo. Em outros casos, precisa tratar da rinite alérgica. Mas, na grande maioria dos casos, o uso de um aparelho intra oral em adultos durante o sono, diminui o ronco de 80% a 100%. É necessário que seja feita uma avaliação para se chegar ao tratamento correto.
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O ronco pode causar problemas cardiovasculares? O simples fato de roncar já aumenta de 3 a 5 vezes a chance de o indivíduo vir a sofrer algum acidente cardiovascular nos próximos 5 anos, sobretudo infarto agudo do miocárdio e acidente vascular cerebral.
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Problemas bucais podem causar o ronco ou vice-versa? O ronco pode causar problemas bucais devido à respiração bucal, causando a chamada xerostomia (sensação de boca seca), o que pode provocar halitose ou até mesmo aumentar o índice de cáries.
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Tratamento multidisciplinar
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Preocupado com seu casamento e sua saúde, Cássio procurou ajuda de um dentista, de um otorrinolaringologista e de um nutricionista. “Primeiro fui a um dentista, fiz exames e eliminei algumas hipóteses, como problemas de formação na maxila e mandíbula. Lá ele me indicou um otorrino”, diz Cássio.
“Quando um quadro de ronco agressivo é diagnosticado, os tratamentos indicados variam. Mudanças de hábitos, utilização de aparelhos para auxiliar a respiração durante o sono, a aplicação de botox na região do palato mole e até, em alguns casos, uma cirurgia de septo, por exemplo, podem ser uma boa opção”, diz o cirurgião-dentista Júlio Moura Netto.
Cássio acabou operando o desvio de septo, tirou as amídalas e diminuiu o palato (parte superior do céu da boca, perto da garganta), pois sua passagem de ar era estreita e flácida, o que fazia com que esses tecidos vibrassem demais durante a respiração noturna, causando barulho.
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Alguns meses depois, com 18 quilos a menos, uma dieta balanceada, praticando exercícios quase todos os dias e operado, Cássio parou de roncar e o casal voltou a dormir junto. “Parece que agora estamos em lua de mel. Por mais estranho que pareça, dormir de novo com meu marido foi uma novidade. Estava morrendo de saudades”, diz Fernanda.
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A principal causa do ronco em adultos é a obesidade ou sobrepeso. Outro agravante para o aparecimento do ronco é a idade
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O ronco acompanhado de apneia do sono torna o descanso precário e com isso a sonolência diurna é quase uma constante
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Se o cirurgião-dentista souber interpretar os sintomas com antecedência, o ronco, assim como a apneia do sono e o bruxismo, pode ser devidamente identificado e prevenido
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Inúmeros trabalhos mostram que o ronco acompanhado da apneia do sono predispõe esses indivíduos a estarem mais sujeitos a doenças como: ataque cardíaco, AVC, hipertensão e diabetes
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O principal problema deste do ronco decorrente da apneia é que ele dificulta a chegada de oxigênio no cérebro
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Crianças não só roncam como também sofrem com apneia. Adenoides e amígdalas inflamadas são as principais causas de ronco nessa idade
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Hoje sabemos que um terço da população adulta mundial sofre de ronco causado por apneia
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Saúde prejudicada
“O ronco pode causar no dia seguinte sonolência, desatenção a atividades comuns do dia-a-dia e mau humor. Em casos mais graves, quando vem junto com a apnéia do sono (que é quando a pessoa faz pausas respiratórias pequenas evitando o fluxo de oxigênio no cérebro), pode causar problemas cardíacos, AVC e hipertensão”, diz Moura Netto.
O especialista ainda ressalta que não é apenas o roncador que sai prejudicado nesta situação. “Segundo alguns relatos de pacientes, o parceiro que não ronca acaba deixando de dormir, em média, uma hora por noite, o que resulta em 7 horas de sono a menos por semana. É quase uma noite por semana sem dormir”, afirma o dentista.
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