As bactérias “super resistentes” se tornaram um problema mundial nos últimos tempos. E a boca, composta por uma grande diversidade de microorganismos, se não higienizada sempre e da maneira correta, pode ser a porta de entrada de uma infinidade de doenças graves e difíceis de tratar.
“Algumas bactérias presentes na boca trazem até benefícios e são importantes para a manutenção da saúde, pois inibem a colonização por microorganismos com potencial de causar doenças”, diz Renata Mattos Granner, dentista e professora doutora da área de microbiologia e imunologia da Unicamp.
O problema é que algumas bactérias bucais podem apresentar resistência a antibióticos usados para tratar doenças do corpo e se multiplicam na boca quando a pessoa está tomando esse tipo de droga. Ou seja, o antibiótico acaba servindo de fortificante para aqueles organismos que não morreram. Eles resistem, crescem e voltam com tudo.
Uma vez renovados e mais fortes, esses microrganismos podem ser um perigo para todo o corpo humano. “As bactérias bucais podem representar um problema quando conseguem acesso à corrente sanguínea, o que pode acontecer em pessoas com gengivite ou outras infecções bucais não tratadas. Nestes casos, esses organismos podem agravar ou iniciar infecções sistêmicas”, alerta Renata.
Em infecções simples, o organismo trata de combater as bactérias que insistem em viver. Porém, quando o paciente está bastante debilitado e a infecção é mais grave, os microrganismos resistentes ganham força e se multiplicam chegando a deixar 16,7 milhões de herdeiros em 24 horas.
Prevenção e combate
Uma forma de prevenir o surgimento das super bactérias é acabar com o uso indiscriminado ou incorreto dos antibióticos. “Estas drogas devem ser indicadas de forma muito criteriosa e rigorosa. Infecções sistêmicas por microrganismos resistentes a diversos tipos de antibióticos têm sido cada vez mais comuns e podem representar um risco de vida”, diz a especialista.
Também é recomendado dar atenção especial para os cuidados bucais básicos, como escovar os dentes da maneira correta e freqüente, usar fio dental, além de visitar o dentista a cada seis meses. “Cuidados com a saúde bucal são fundamentais não somente para prevenir problemas bucais, mas também problemas sistêmicos”, diz Renata.
Quanto ao combate desses novos e resistentes microrganismos, pesquisadores já estão estudando e produzindo novos antibióticos. Mas esse processo de criação de um novo medicamento é muito caro e pode durar até dez anos.