A sialometria é um exame que mede a quantidade de saliva produzida em um determinado intervalo de tempo. O resultado mostra o fluxo salivar, ou seja, quantos mililitros de saliva são produzidos por minuto. “Em avaliações mais detalhadas, a sialometria não se restringe só à quantidade de saliva, sendo avaliadas outras varáveis relacionadas à qualidade, como coloração, turbidez, viscosidade e pH”, diz Maria Cecília Aguiar, presidente da ABHA (Associação Brasileira de Halitose).
Segundo Marcos Moura, diretor da ABHA, o exame é indolor e deveria ser realizado em todos os pacientes pelos dentistas, e, com base nos resultados, cáries, doenças gengivais e mau hálito seriam prevenidos com mais facilidade. “Observando exames de saliva em um paciente que irá se submeter a quimioterapia ou radioterapia de cabeça e pescoço, podemos impedir com tratamentos específicos o dano que essa conduta irá causas nas glândulas salivares, que podem levar a perda total da produção de saliva”, diz.
Além de começar a digestão dos alimentos, lubrificar e proteger os tecidos bucais, ajudar a articular as palavras, permitir a percepção do sabor dos alimentos, a saliva é responsável pela autolimpeza bucal. Esse líquido formado por 99% de água remove células descamadas, resíduos alimentares e microrganismos da boca.
“Assim, se o fluxo é reduzido, a tendência é que se acumulem microrganismos patogênicos (que podem causar doenças) no ambiente bucal, o que favorece o surgimento de alterações gengivais (gengivite e periodontite), cárie dentária, infecções fúngicas (candidíase) e do tão temido mau hálito”, explica Maria Cecília.
A saliva ideal
Para exercer bem sua função, a saliva deve ser incolor e transparente – colorações avermelhadas ou amareladas podem indicar sangramento ou pus na boca e saliva turva pode ser descamação excessiva da mucosa que reveste a boca ou acúmulo de biofilme dentário, conhecido popularmente como "placa bacteriana".
“A saliva também deve apresentar certa viscosidade. Isso porque a saliva muito fluida ou aguada não lubrifica bem a boca, de modo que a pessoa tem a sensação frequente de sede. Por outro lado, a saliva muito mucosa, viscosa ou grossa favorece o acúmulo de biofilme dentário, de biofilme lingual (conhecido como "saburra") e de cálculo dentário (conhecido popularmente como "tártaro"), o que predispõe a alterações gengivais e halitose”, afirma Maria Cecília.
Quanto à quantidade, os valores de referência para a saliva em repouso são de 0,25ml/min e 0,4ml/min. Quando a produção de saliva é estimulada, seja pela mastigação ou quando sentimos gosto de algum alimento, a produção de saliva aumenta para 1,2ml/min a 2,5ml/min. “Geralmente, o pico da salivação é por volta das 15h, e vai diminuindo ao cair da noite, momento em que não produzimos saliva”, diz Marcos Moura.
A diminuição da saliva favorece o acúmulo de placa bacteriana nos dentes e, com isso, o surgimento de cáries e de problemas gengivais. Para completar, o ressecamento da boca acentua a descamação das células da mucosa dessa região, que se acumulam sobre a língua formando uma massa amarelada ou esbranquiçada conhecida como “saburra lingual”.
“Nesse cenário rico em detritos e em bactérias, ocorrem reações químicas que resultam na liberação de gases ricos em enxofre, responsáveis pelo odor desagradável do tão temido mau hálito”, afirma Maria Cecília.
Dicas
- Consuma líquidos em quantidade correta (uma conta simples é 35ml de água para cada kg de peso, por dia), distribuídos ao longo de todo o dia.
- Adeque o consumo de água à rotina diária. Palestrantes, pessoas que moram ou trabalham em ambientes quentes ou que realizam atividades que exigem esforço físico, geralmente precisam de maiores quantidades.
- Não espere sentir sede para beber água, e sim transforme esse ato em hábito, em rotina.
- Nem só de água vive o homem. Se não gosta muito de água, pode investir em sucos, água aromatizada com folhas de hortelã e chás de ervas, como camomila, erva cidreira, canela etc. Porém, a dica não vale para refrigerantes ou bebidas alcoólicas, que acabam desidratando o organismo e comprometendo o hálito.