Muitas vezes, ao se tratar de doenças do sono, é difícil saber qual profissional procurar. Com mais de 80 distúrbios catalogados, pneumologistas, otorrinolaringologistas, neurologistas e psiquiatras podem ser especialistas no assunto. Quando os casos apontam para ronco ou apneia obstrutiva do sono (AOS) – em que a pessoa tem a respiração obstruída por alguns segundos enquanto está dormindo – pode ser necessária uma equipe multidisciplinar no tratamento.
Para o médico Geraldo Lorenzi Filho, coordenador do Núcleo Interdisciplinar da Ciência do Sono, em São Paulo, alguns distúrbios podem ser controlados com a ajuda de um cirurgião-dentista. O profissional capacitado para interpretar uma polissonografia, pode identificar e prevenir ronco comum, bruxismo, e apneia. “Trata-se de um problema extremamente comum, sabemos que um terço da população adulta sofre de apneia”, diz Lorenzi.
Isso ocorre pois, além de alguns hábitos predisporem o ronco – sobrepeso, idade avançada, álcool, remédios para dormir, desvio de septo, entre outros –, a espécie humana tem maxila e mandíbula pequenas em relação à maioria dos mamíferos. Assim, ao dormir, a musculatura relaxa e pode ocorrer a obstrução da garganta, o que causa a apneia. “Nos casos leves a moderados, o cirurgião-dentista pode atuar de forma importante através da orientação do uso de placas de avanço mandibular durante a noite, resolvendo o problema na maioria dos casos”, explica o médico.
Artur Cerri, coordenador da Escola de Aperfeiçoamento Profissional da APCD, diz que a participação do cirurgião-dentista como integrante de uma equipe multidisciplinar no tratamento do ronco e da apneia do sono leve a moderada é fundamental. Para capacitar esses profissionais, a APCD oferece o curso “Tratamento do ronco e apneia do sono pelo dentista”. Segundo o coordenador, Sergio José Nunes, o profissional da Odontologia pode reconhecer os pacientes que estão em risco de apresentar distúrbios do sono, realizar exames físicos que facilitam o diagnóstico e conhecer as formas mais atuais de tratar o problema. “O cirurgião-dentista tem uma visão privilegiada da garganta do paciente, devendo, portanto, estar atento ao problema”, diz Nunes.