Conhecer os efeitos pode ajudar o paciente na busca do tratamento ideal por mais qualidade de vida, ensina Hepatologista do Einstein
Saúde mental é assunto sério e precisa ser tratada com cuidado. Já se sabe que a saúde é um sistema global e repleto de interferências de múltiplos fatores. Mas, alguns desses fatores podem passar despercebidos, principalmente quando o assunto é a saúde mental.
Por afetar principalmente aspectos emocionais e comportamentais, não é comum que as pessoas associem questões deste âmbito a alguma desordem física, muito menos digestiva.
Mas Patricia Almeida, Hepatologista do Hospital Israelita Albert Einstein, Doutora pela Universidade de São Paulo (USP), explica que, sim, a saúde digestiva, especialmente a hepática, pode ter interferência direta por sintomas ligados à saúde mental.
"A depressão, por exemplo, que afeta milhões de pessoas no mundo, pode ter um impacto significativo na função hepática e na saúde digestiva geral", afirma ela.
Saúde mental e do corpo
A médica cita o conceito de encefalopatia hepática, que é uma condição séria decorrente de danos no fígado, e como resultado, o órgão fica incapacitado de remover as toxinas do sangue.
"Essas toxinas, incluindo amônia, podem se acumular no cérebro e causar uma série de sintomas neurológicos e psiquiátricos, como confusão, desorientação, sonolência, agitação, alucinações, e até coma", alerta.
O que leva à doença?
Fatores como a depressão e o estresse crônico podem desencadear a encefalopatia hepática, de acordo com a médica.
A seguir, a profissional lista situações do cotidiano que podem mexer com a saúde mental e engatilhar a situação:
- Alterações nos hormônios do estresse: O cortisol, o principal hormônio do estresse, pode aumentar a inflamação no fígado e prejudicar a função hepática;
- Comportamentos prejudiciais à saúde: Indivíduos com depressão podem ter maior probabilidade de se envolver em comportamentos que prejudicam o fígado, como consumo excessivo de álcool, uso de drogas e má alimentação;
- Alterações na microbiota intestinal: O estresse crônico pode perturbar o equilíbrio das bactérias no intestino, levando à inflamação no fígado e à má absorção de nutrientes.
A hepatologista conta ainda, que há outras formas de influência física que resultam, por exemplo, de quadros depressivos.
"Uma dor abdominal pode ser sintoma comum de depressão, causada por alterações na motilidade intestinal e na sensibilidade à dor", cita a médica.
Além desse quadro, diarreia, constipação, náuseas, vômito e perda de apetite são associáveis à depressão e desencadeiam consequências no aparelho digestivo também.
Saúde mental: cuidar, tratar e prevenir
A lista abaixo é a indicação da Dra. Patricia para manter os cuidados, tanto dos aspectos físicos, como comportamentais, quando o assunto é a depressão e o estresse crônico:
- Terapia como forma eficaz de tratar a depressão e ajudar na lida com o estresse;
- Antidepressivos, quando receitados de maneira correta, podem ajudar a aliviar os sintomas da depressão e melhorar o humor;
- Dieta saudável, exercícios regulares e sono suficiente;
- O uso de probióticos pode ajudar a restaurar o equilíbrio da microbiota intestinal e melhorar a saúde digestiva.
"E o mais importante, não deixe que isso defina você! A depressão e o estresse crônico podem ter um impacto significativo na saúde do fígado e na saúde digestiva geral. É importante estar ciente dos sintomas da depressão hepática e dos problemas digestivos relacionados e procurar ajuda profissional para o tratamento adequado", orienta a especialista.