A campanha Setembro Amarelo é organizada nacionalmente pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM). O objetivo é alertar as pessoas sobre os graves riscos que transtornos mentais podem causar. Como no dia 10/09 é o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, setembro foi o mês escolhido para simbolizar a causa. Porém, especialistas salientam a importância de cuidar da mente todos os dias do ano.
"As ações do Setembro Amarelo funcionam como uma forma de prevenção e sensibilização, tanto àqueles que podem estar passando por algum tipo de sofrimento, quanto às pessoas próximas, na detecção de fatores que identifiquem quando um ente querido não está bem", explica Ligia Kaori Matsumoto, psicóloga da UBS Alto da Riviera, gerenciada pelo CEJAM - Centro de Estudos e Pesquisas Dr. João Amorim.
Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), apontam que, a cada 40 segundos, uma pessoa é vítima de suicídio no mundo. No Brasil, a ABP aponta que 96,8% dos casos estão relacionados diretamente a algum transtorno mental, como depressão e ansiedade. Para reverter esse quadro é importante ficar atento aos sintomas e procurar ajuda quando necessário.
A identificação de que a saúde mental não está em dia
A Dra. Gesika Amorim, mestre em educação médica, pediatra pós-graduada em neurologia e psiquiatria, com especialização em tratamento integral do autismo, saúde mental e neurodesenvolvimento, conta quais são os primeiros sinais de que a saúde mental pode estar comprometida. "Em primeiro lugar, um desconforto consigo mesmo. Muitas vezes não é necessário que você tenha sinais de ansiedade, palpitação ou sintomas depressivos. Muitas vezes alterações do ritmo alimentar, com aumento ou diminuição da fome, um cansaço excessivo, uma exaustão, uma sensação de que não vai dar conta já podem ser indicativos".
A médica também alerta para os sintomas que estão diretamente relacionados a doenças mentais. "Sintomas de ansiedade, o que a gente chama de catastrofização - sensação e o medo de que as coisas não deem certo. Isso tem acontecido muito agora, durante a pandemia. É a sensação de que eu não vou dar conta e as coisas não vão dar certo. Isso é muito comum e um sinal importante do adoecimento mental. Além, claro, dos sintomas depressivos. Do rebaixamento de humor, sintomas de menos-valia e de autoestima baixa. Tudo isso são sinais de que a nossa saúde mental pode estar comprometida", explica a especialista.
Como cuidar da saúde mental
É comum que as pessoas se preocupem com a saúde física, façam exames e procurem ajuda médica em caso de dor. Porém, prestar atenção nos sintomas que a Dra. Amorim elencou também é fundamental para manter uma boa saúde mental. Para evitar as sensações descritas pela médica e se manter afastado de complicações graves é preciso atenção com alguns hábitos cotidianos.
De acordo com a especialista, o estilo de vida saudável pode ser um grande aliado na luta contra as doenças mentais. "O mais importante é você lutar pela sua qualidade de vida. Lutando pela qualidade de vida você vai ter, por consequência, uma melhora da saúde mental. Então tenha uma disciplina no seu hábito de vida, alimente-se bem, pratique uma atividade física, tenha horários corretos de dormir, não abuse de álcool e drogas, tenha uma vida familiar e social saudável. Tudo isso são formas de prevenir o adoecimento mental", conta a médica.
Procurar ajuda contra doenças mentais salva vidas
Procurar auxílio especializado pode ser determinante para salvar uma vida e é mais fácil do que muitos imaginam. O Centro de Valorização da Vida (CVV) é uma associação de utilidade pública federal, que presta um apoio emocional, voluntário e gratuito em prol da prevenção do suicídio. Qualquer pessoa que queira ou precise conversar sobre o assunto pode acioná-los por chat, telefone, e-mail ou presencialmente. Tudo é realizado com profissionalismo, sigilo total e anonimato. Basta acessar o site do CVV ou ligar para o número 188.
"Devemos sempre oferecer acolhimento, ouvir e auxiliar na busca por ajuda. Estas posturas de respeito com aquele que está em sofrimento podem ser fundamentais à recuperação, enquanto o desdém e pouco caso podem amplificar a dor ou adiar um tratamento", finaliza a psicóloga Matsumoto.