Sim, protetor solar protege couro cabeludo contra câncer de pele

Exposição do couro cabeludo ao sol pode resultar em câncer de pele na região

4 dez 2023 - 06h10
Foto: Sherise Van Dyk / Unsplash

Protetor solar da cabeça aos pés. Você provavelmente já ouviu essa recomendação. Mas para ser mais específico, é necessário ir um pouco além: protetor solar da ponta do fio de cabelo aos pés. 

“Ao contrário do que muitas pessoas pensam, já que o cabelo é uma fibra morta, ele sofre sim ações maléficas pelos raios solares. O raio UVB danifica a cutícula do cabelo, a camada mais externa que reveste a medula e o córtex. Então quando a cutícula é danificada pelo sol, ela expõe as camadas mais profundas do cabelo, além de ficar ressecada, endurecida e encolhida", explica a Lilian Brasileiro, médica especialista em Dermatologia, coordenadora e palestrante em eventos sobre tratamentos capilares. 

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"A partir daí, acontece a perda de umidade e o desbotamento da cor, então o cabelo fica opaco, mais enfraquecido, mais quebradiço, menos maleável, menos elástico. Outra coisa que o sol faz é aumentar muito a produção de óleo pelas glândulas seborreicas do couro cabeludo. E, então, deixa o couro cabeludo mais oleoso, com mais propensão a uma dermatite seborreica”, completa.

E quanto mais enfraquecido está o cabelo, mais ele deixa de proteger a pele que está abaixo dele: “No couro cabeludo, os danos mais temidos são os cânceres de pele como os carcinomas basocelulares e espinocelulares”, acrescenta Danilo S. Talarico, professor nos cursos de Dermatologia, Tricologia, Transplante Capilar (Cirurgia Capilar) e Medicina Estética no Centro Universitário Ítalo Brasileiro e na Faculdade Primum (Antigo Instituto BWS)

Use protetor solar no cabelo

Para evitar todos esses danos, os médicos indicam o uso do protetor solar específico para o cabelo sempre que houver exposição direta ao sol. 

“Quando sofrer exposição direta do sol, mesmo em dias nublados, o paciente deve usar o produto e é necessário considerar a reaplicação a cada duas horas, mas caso não seja um dia ensolarado pode estender para 4 horas esse intervalo”, explica Danilo. 

“Via de regra geral, aplicamos o filtro solar nos cabelos secos 20 minutos antes da exposição solar; se for para a água, de preferência uma meia hora, 40 minutos, para que o produto seque um pouco no cabelo. E toda vez que entrar na água ou ir a qualquer atividade que transpire extremamente, é indicado reaplicação desse produto”, completa Lilian Brasileiro.

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Segundo a médica, o protetor solar comum, do rosto e corpo, pesa nos fios, deixando o cabelo com aparência e aspecto ruim. 

“Então, o ideal é que se use um filtro solar específico para cabelo, em uma forma mais leve, em formato de bruma, sempre em spray. O produto deve ser aplicado em toda a superfície do couro cabeludo. Sempre a proteção física é mais importante. Então, quem tem um cabelo longo, pode fazer um rabo de maneira que o próprio cabelo proteja o couro cabeludo, e aí sim passar essa bruma sobre o cabelo preso e não diretamente no couro. Dessa forma, há a proteção do fio com a bruma e o cabelo e a bruma protegem o couro cabeludo, lembrando que esse é um sítio muito importante de câncer de pele”, explica Lilian. 

“E um câncer de pele que muitas vezes fica oculto e quando há a descoberta de um melanoma em couro cabeludo, ele já está dando metástase, porque é uma pinta de difícil diagnóstico”, lembra a médica. 

“O foco de ação dos filtros solares capilares é a haste capilar, então evite a raiz e concentre no comprimento e pontas dos fios”, comenta o Danilo. 

“E sempre o ideal é usar boné, chapéus, principalmente aqueles que também tem proteção UV. Chapeuzinho furado, de palha, não são interessantes porque a radiação passa”, diz Lilian. O médico reforça que o ideal é sempre apostar na combinação entre ambos: “A sinergia das proteções fará uma proteção adequada”.

Cabelos escuros sofrem mais

E as pessoas que têm cabelo mais escuro podem ter mais danos, segundo os médicos, mas isso não isenta as loiras e ruivas de usar o protetor solar. 

“Pelas leis da física, quando temos uma cor mais clara, ela reflete mais a luminosidade, isso implica em uma absorção menor da radiação solar no caso os cabelos ruivos e loiros com a feomelanina, já os mais escuros absorvem mais devido terem eumelanina”, diz Danilo. 

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“Então, como ele absorve mais radiação UVB, ele pode ter maiores danos que o cabelo claro. Já o cabelo claro, o loiro e o cabelo ruivo, ele tem uma tendência maior a refletir a luz solar. E ele tem menos ressecamento, menos estrago, menos danos, que um cabelo castanho, um cabelo preto, mas ele tem um desbotamento da cor que pode ser mais importante até que o cabelo escuro. Então ambos precisam caprichar na proteção solar dos fios”, completa Lilian.

Por fim, os médicos ressaltam que o protetor solar não deve ser confundido com o protetor térmico. “O protetor solar para cabelo protege os cabelos dos danos causados pelos raios UV, enquanto o protetor térmico protege os cabelos dos danos causados pelo calor (infravermelho)”, sintetiza Danilo. 

“O protetor térmico é desenvolvido para proteger o cabelo de altas temperaturas; ele sempre tem na base dele algum óleo ou silicone, que faz a difusão do calor; que tira o calor daquele ponto único e distribui, fazendo com que o calor se difunda. Então ele é importante para casos quando a gente vai usar uma ferramenta modeladora, chapinha, aqueles modeladores”, finaliza Lilian Brasileiro. 

(*) HOMEWORK inspira transformação no mundo do trabalho, nos negócios, na sociedade. É criação da Compasso, agência de conteúdo e conexão.

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