A Síndrome dos Ovários Policísticos ou simplesmente SOP, como é mais conhecida, é a principal causa de alteração menstrual e infertilidade feminina. Mas os problemas não se resumem a isso. A condição também aumenta o risco de obesidade, doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2, alterações no sono e câncer de endométrio.
Mais recentemente, estudos se voltaram para o impacto da SOP na saúde mental de suas portadoras. Hoje sabe-se que a condição, que pode atingir até 19% das mulheres em idade reprodutiva, propicia maiores níveis de tristeza, irritabilidade e estresse.
“Em um artigo publicado em 2020 no portal Spring Nature, foi comprovado uma forte associação entre a SOP, má qualidade de vida e alterações na saúde mental das pacientes. Mulheres com SOP apresentam o dobro de risco para desenvolverem depressão, ansiedade, transtorno bipolar e transtorno obsessivo-compulsivo”, afirma o ginecologista Marcelo Cavalcante, especialista em reprodução humana, em texto enviado ao Terra.
O entendimento é que alterações de humor somadas a possíveis mudanças como excesso de peso, hirsutismo, acne e insatisfação com a imagem corporal podem tornar as mulheres com SOP profundamente deprimidas. Como esse efeito ainda é pouco abordado, cresce a preocupação.
"A relação entre SOP e saúde mental é, muitas vezes, negligenciada, já que a atenção, na maioria dos casos, está direcionada para o tratamento da infertilidade e de queixas menstruais", pontua Cavalcante ao chamar atenção dos profissionais de saúde.
A pedido do Terra, o médico listou os principais sinais de que uma mulher tem a síndrome do ovário policístico:
- ausência de menstruação ou alterações no ciclo menstrual;
- presença de hormônios masculinos em excesso, detectados em exames de sangue ou por meio do exame físico, com a manifestação de pelos e acne em excesso;
- observância de múltiplos cistos nos ovários por meio do exame de Ultrassonografia Transvaginal; os cistos são pequenos, com medições de 5 mm a 10 mm em ambos os ovários.
"O diagnóstico da SOP é feito através da anamnese, exame físico e realização de alguns exames complementares", acrescenta o ginecologista.
Qual o tratamento para a condição?
Como se trata de uma doença sem cura, o tratamento deve ser crônico, com o propósito de controlar os sintomas.
"Toda paciente diagnosticada precisa fazer uma adequação do seu estilo de vida. São necessárias mudanças como a adoção de dietas saudáveis com pouca ou nenhuma ingestão de carboidratos, maior consumo de frutas e verduras e a prática rotineira de atividades físicas. Com essas medidas, a paciente já consegue ver um diferencial e ter o controle da doença", aponta.
Já o tratamento medicamentoso varia de acordo com os objetivos da paciente — por exemplo, se ela quer engravidar ou não. Caso sim, serão usadas medicações hormonais para o controle dos níveis de hormônios masculinos ou medicações indutoras de ovulação.