Quando o assunto é tratamento da pele, muitas trends aparecem na internet, em vídeos do TikTok e Instagram, mas são logo descartadas. Em contrapartida, existem tendências que têm alto cunho científico e provêm de estudos apresentados em eventos de dermatologia e beleza.
“Existem temas que são cada vez mais explorados nos congressos internacionais, dentre eles a senescência celular, quando as células param de se dividir para entrar no estágio de morte programada. Mas esse processo natural tem efeitos colaterais, na medida em que essas células secretam substâncias que causam inflamação. Esse é um assunto que vem sendo muito debatido para a apresentação de estratégias para minimizar, gerenciar e tratar essa questão”, explica a farmacêutica Patrícia França, gerente científica da Biotec Dermocosméticos, que esteve nos congressos da Academia Americana de Dermatologia e no Mundial de Dermatologia de Singapura.
Confira 7 principais tendências nos cuidados com a pele que estarão presente em lançamentos cosméticos e tratamentos.
Skincare de consultório
As tecnologias dermatológicas estão em alta para tratar também a superfície da pele, como um verdadeiro skincare de consultório. Um desses tratamentos, segundo o dermatologista Renato Soriani, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), expert em tecnologias dermatológicas e ex-coordenador do Departamento de Laser e Tecnologias da SBD (2017-2021), é o HydraFacial.
“O HydraFacial é uma estratégia para melhorar a qualidade superficial da pele, pois tem ponteiras que contam com uma tecnologia capaz de gerar um vórtice que extrai impurezas ao mesmo tempo em que infunde ativos na pele. Assim, o procedimento limpa, revitaliza, hidrata e purifica o tecido cutâneo. E ainda podemos combiná-lo a lasers, por exemplo, o que se traduz em um aprimoramento dos resultados dessas tecnologias”, comenta o médico.
O protocolo mais básico inicia-se com a limpeza e a esfoliação química para acelerar a renovação celular, melhorar a uniformidade e reduzir a espessura da pele.
“Em seguida, é feita a extração de impurezas, cravos e comedões combinada à infusão de uma solução hidratante. Na sequência, são aplicados os boosters, que possuem uma alta concentração de ativos selecionados de acordo com as necessidades de cada pele. E, por fim, administramos antioxidantes para proteção e melhora da aparência da pele”, detalha Renato Soriani.
“Por si só, o procedimento já consegue promover uma melhora instantânea da qualidade do tecido cutâneo, uniformizando a textura e aumentando a firmeza, viço, maciez e brilho da pele”, completa.
Proteção solar a partir da melanina
A exposição solar sem a devida proteção envelhece a pele e aumenta o risco de cancerização. Isso só não acontece em um nível muito mais grave porque dentro da nossa pele há um mecanismo protetor: a melanina.
“A melanina é o pigmento que dá aos humanos a cor da pele, olhos e cabelos. É a primeira e melhor defesa natural do corpo contra os raios nocivos do sol”, explica a dermatologista Paola Pomerantzeff, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia.
Pesquisadores americanos querem mimetizar esse mecanismo protetor para desenvolver um novo filtro solar potencialmente ultraprotetor derivado dessa substância biológica encontrada em quase todos os organismos.
“O estudo descobriu que o componente melanina converteu a luz em calor de todos os comprimentos de onda, abrangendo do ultravioleta ao infravermelho, oferecendo um amplo espectro de proteção”, explica Paola.
“A melanina poderia, em teoria, ser usada para produzir uma barreira à radiação. Mas a melanina é tão notoriamente instável e difícil de estudar que, até agora, os cientistas não conseguiram ver como ela se parece no nível molecular, resultando em uma abordagem lenta de tentativa e erro para seu uso potencial em produtos de higiene pessoal”, diz a médica.
A expectativa, com a obtenção dessa melhor compreensão da estrutura da melanina, é a de produzir alternativas previsivelmente com melhor desempenho do que o que está disponível atualmente.
Combate às células zumbis
A senescência celular compreende o momento em que as células, devido à idade e fatores como estilo de vida e agressores ambientais, perdem a capacidade de se dividir, secretando substâncias que promovem inflamação e danificam células vizinhas.
“Elas agem como verdadeiros zumbis de séries de ficção, criando um cenário apocalíptico ao inflamar e danificar as células saudáveis. Isso leva a um processo de aceleração do envelhecimento e ao surgimento de patologias cutâneas”, explica a farmacêutica Patrícia França.
Com base nos novos estudos sobre o tema, já há um antídoto para o problema: o ativo tópico Scutaline. “Ele evita a propagação das células-zumbis, diminuindo a inflamação, a produção de radicais livres e a degradação das fibras de colágeno e elastina. Assim, o produto retarda e previne os sinais do envelhecimento”, explica a farmacêutica Maria Eugênia Ayres, gerente técnica da Biotec Dermocosméticos.
Nas farmácias de manipulação, o produto pode ser encontrado em forma de lenços micelares de limpeza, quando associado ao Polymol PGCC, que é capaz de formar micelas que atraem as sujidades da pele para promover uma limpeza suave e efetiva ao mesmo tempo em que proporciona conforto devido a sua ação emoliente, ou então na forma de cremes e séruns de tratamento.
“Para combater as células zumbis, ainda podemos associar nutracêuticos como Desmovit e FC Oral. O primeiro se faz importante, pois irá fornecer SOD, Catalase e Glutationa, as principais enzimas antioxidantes do nosso sistema de defesa enzimático minimizando o impacto dos radicais livres e melhorando a resposta contra a inflamação. E pela ação anti-inflamatória, FC Oral se faz importante por ser composto por fosfolipídeo de origem marinha rico em ácidos graxos poli-insaturados (PUFA), ômega 3 (DHA e EPA), Astaxantina e vitamina E, que irão atuar diminuindo o processo inflamatório”, diz Patrícia.
Exossomas na comunicação celular
O nome é difícil, mas eles são a bola da vez: os exossomas são cada vez mais discutidos nos congressos. Eles são um subconjunto de vesículas extracelulares liberadas como parte da fisiologia normal.
“Essas estruturas carregam uma carga biológica ativa como proteínas, lipídeos e material genético e são um novo parâmetro de comunicação intercelular. Com isso, o organismo consegue fazer proliferação celular e sinalizar para criação de novos vasos ou colágeno, por exemplo. No Brasil, já temos ativos ‘exossomas-like’, que tem ação similar, baseada na comunicação célula a célula. O SWT-7, ativo que promove o aumento na produção de fatores de crescimento de queratinócitos por células derivadas do tecido adiposo, tem um exclusivo mecanismo de comunicação célula a célula que ajuda a preencher rugas”, diz Patrícia França.
Freio ao encurtamento dos telômeros
Estruturas presentes nas células e consideradas a chave da prevenção ao envelhecimento, os telômeros têm como principal função proteger o material genético que o cromossomo transporta.
“Na medida em que nossas células se dividem para se multiplicar e para regenerar os tecidos e órgãos do corpo, a longitude dos telômeros vai se reduzindo e, com o passar do tempo, eles vão ficando cada vez mais curtos e isto está relacionado com o envelhecimento e à maior exposição a doenças”, diz a farmacêutica Maria Eugênia.
Uma estratégia para combater o problema é o uso de ativos como Telodormin, ativo extraído dos bulbos dormentes da planta Narcissus. “Ele é capaz de modular a proliferação dos fibroblastos senescentes para desacelerar o encurtamento dos telômeros, o que está diretamente relacionado ao processo de envelhecimento. Telodormin preserva a saúde e a jovialidade da pele, melhorando a elasticidade do tecido cutâneo e reduzindo visivelmente a aparência de rugas e linhas finas”, argumenta a Patrícia França.
Cuidado com o microbioma
Patrícia explica que o microbioma cutâneo é um ecossistema composto por bactérias, fungos, ácaros e vírus, altamente diversificado, com variação intraindividual e conforme o seu habitat.
“Um mesmo indivíduo pode apresentar microambientes diferentes conforme a temperatura, umidade, pH, conteúdo de sebo e exposição à radiação UV, ou seja, fatores que promovem diferenças entre a população microbiana. Estratégias que conferem um bom equilíbrio intestinal como a utilização de pré e probióticos, imunomoduladores e outros compostos são bem-vindas, à medida que, ao desempenharem seu papel na saúde intestinal, refletem positivamente no equilíbrio da saúde cutânea”, afirma ela.
Além dos probióticos orais e tópicos, Patrícia recomenda a levedura Betamune SC 70 para contribuir no tratamento da disbiose intestinal, que tem forte conectividade com a acne e disfunções da barreira cutânea.
Novas formas nutricosméticas
Além do clássico tratamento oral com cápsulas, comprimidos e gomas, surgem no mercado novas formas de manipulação, que facilitam a adesão ao tratamento. Omelete, pirulito, chocolate e até café entram no páreo para tratar a pele.
“A omelete de claras instantânea, por exemplo, é uma mistura em pó que permite o preparo de uma omelete de claras de maneira rápida e prática em qualquer lugar, bastando adicionar água e cozinhar. Com sabor de cebola tostada, o produto tem 12g de proteína em cada porção, o equivalente a três claras de ovos. Além disso, é livre de gorduras e tem baixo teor de sódio. Nessa base, podemos acrescentar ativos orais como Exsynutriment, um silício biodisponível essencial para a produção de colágeno, uma proteína que confere elasticidade e firmeza à pele, ajudando a manter a pele com uma aparência jovem e revitalizada”, acrescenta a farmacêutica Maria Eugênia.
“Os pirulitos podem ser formulados com ativos que evitam a inflamação na pele causada pelo açúcar, no caso do ativo oral Glycoxil, e o café pode contar com Bio-Arct para melhorar a produção de energia das células, inclusive da pele, o que contribui para um efeito pró-idade com maior viço e luminosidade”, finaliza Maria Eugênia.
(*) HOMEWORK inspira transformação no mundo do trabalho, nos negócios, na sociedade. É criação da Compasso, agência de conteúdo e conexão.