A transpiração é uma reação natural do nosso corpo que tem como função nos refrescar por meio de um processo chamado termorregulação. Entretanto, existem pessoas que sofrem com o suor excessivo, que, muitas vezes, se dá sem uma razão aparente, e pode ser bastante desconfortável. Esse problema se chama hiperidrose e acontece quando as glândulas sudoríparas são hiperativas.
"Diante da elevação da temperatura corporal (que pode ocorrer por causa do calor do ambiente externo, atividades físicas, estresse ou fortes emoções, por exemplo), o cérebro manda sinais para mais de 3 milhões de glândulas de suor para que soltem um líquido incolor, o próprio suor. E, à medida que ele evapora da pele, vai reduzindo e reequilibrando a temperatura corporal", explica o Dr. Lucas Miranda, dermatologista membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia.
Se você percebeu que está suando muito, neste texto, a gente te conta quais podem ser as causas e como lidar com a situação. Mas, não esqueça de que a avaliação de um profissional é sempre importante! Saiba mais a seguir:
SUANDO MUITO? VEJA O QUE PODE SER
De acordo com o médico, a hiperidrose pode provocar as seguintes situações: mãos sempre molhadas, costas pingando, axilas encharcadas, seios suados, rosto brilhando e até mesmo pés constantemente úmidos.
Além disso, pode atingir outras partes do corpo com muitas glândulas sudoríparas, incluindo o couro cabeludo e as genitais.
"Esse quadro de suor excessivo pode ocorrer em qualquer fase das nossas vidas. Ele pode estar relacionado ao emocional, como estresse e ansiedade, e seus sintomas desaparecem durante o sono ou sedação, ou à outras questões, como genética, menopausa, gravidez, hipertiroidismo, obesidade, problemas cardiovasculares, efeitos colaterais de remédios, tuberculose, câncer, entre outras condições. Por isso, ao notar qualquer sintoma, é indispensável procurar um médico para descobrir a verdadeira causa", lista a Dra. Lilian Delorenze, dermatologista.
TIPOS DE HIPERIDROSE
- Primária
Tem como razão principal a genética e começa a aparecer na infância ou na adolescência, geralmente, se manifestando nas mãos, pés, axilas, cabeça ou rosto. Neste tipo, o indivíduo tende a começar a transpirar excessivamente quando está enfrentando momentos de tensão ou de fortes emoções, e os sintomas desaparecem durante o sono.
Dados da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) apontam que a hiperidrose primária acomete 2% a 3% da população, porém menos de 40% dos pacientes com essa condição consultam um médico.
- Secundária
"É adquirida ao longo da vida em decorrência de outros fatores, como distúrbios hormonais, doenças neurológicas e uso de remédios específicos. Ao contrário da primária, as pessoas com hiperidrose secundária suam em todas as áreas do corpo ou em regiões incomuns e podem transpirar excessivamente também durante o sono", diz o Dr. Lucas.
DESODORANTE OU ANTITRANSPIRANTE?
Por mais que eles pareçam a mesma coisa, o desodorante e o antitranspirante possuem diferenças importantes entre si. A principal delas é que o primeiro, apesar de ajudar a controlar o odor corporal, não consegue reduzir a produção de suor significativa, enquanto o segundo, por sua vez, tem essa função.
Os antitranspirantes, geralmente, contam com ingredientes como sais de alumínios, que se dissolvem na superfície da pele e formam uma camada em forma de gel temporária, bloqueando a liberação do líquido transparente.
"Alguns produtos no mercado são formulados especificamente para hiperidrose e podem ser recomendados por um dermatologista", orienta o dermatologista.
TRATAMENTO DO SUOR EXCESSIVO
Ele pode ser feito de diversas formas, sempre com orientação médica e levando em consideração o grau e o tipo de sudorese da pessoa. Geralmente, são indicados tratamentos tópicos ou procedimentos.
Contudo, também há a opção de medicamentos de uso oral que podem amenizar o estímulo das glândulas sudoríparas, mas, como conta o Dr. Lucas, eles não são comumente receitados, uma vez que podem desencadear efeitos colaterais como a diminuição da quantidade de lágrima, urina, saliva e outros.
Um dos tratamentos mais eficazes e utilizados atualmente é a aplicação de toxina botulínica nos locais afetados. "A substância atua paralisando as glândulas sudoríparas e, com isso, a pessoa deixa de produzir suor naquela região por até oito meses após a realização", afirma a Dra. Lilian, que destaca que o laser é outra alternativa que pode auxiliar na redução do tamanho dessas glândulas e no combate à transpiração excessiva.
Em casos mais graves, que não respondem às medidas clínicas, pode ser feita a simpatectomia, uma intervenção cirúrgica que consiste no corte ou na interrupção do nervo que incentiva a produção do suor em áreas particulares do corpo, eliminando de vez o problema.
"Feita por um cirurgião toráxico ou vascular, ela 'desliga' o sinal que avisa o organismo para transpirar exageradamente. Sua melhor indicação é para hiperidrose nas palmas das mãos ou plantas dos pés, e a principal complicação é começar a suar em outras regiões (hiperidrose compensatória)", detalha o dermatologista.
DICAS PARA AMENIZAR O SUOR EXCESSIVO
Evite alimentos e bebidas que estimulam o suor
Comidas muito quentes e/ou apimentadas, cafeína e bebidas alcoólicas podem aumentar a temperatura corporal e ter como consequência a sudorese. Então, se você sofre com o problema, a dica é evitá-los no seu cardápio.
Use roupas com tecidos leves e sapatos arejados
Fibras naturais, por exemplo, bambu e o linho, permitem que a transpiração atravesse o tecido, diminuindo a retenção de umidade na pele e ajudando na regulação da temperatura corporal.
" Sandálias e sapatos abertos serão seus melhores amigos nos dias quentes. Calçados feitos com materiais respiráveis também evitam cheiros desagradáveis. Se você não tiver essa opção para a sua rotina e só puder trabalhar com calçados fechados, não deixe de trocar os pares de meia durante o dia e dê preferência para aquelas de algodão. Vale deixa-los em um local arejado e ventilado, quando não estiver usando", acrescenta a Dra. Lilian.
Hidrate-se
Beber bastante água ao longo do dia é indispensável para manter a temperatura do corpo equilibrada e, dessa forma, diminuir a produção de suor.
Mantenha a pele limpa
Ter uma boa rotina de higiene, tomando banhos regulares, auxilia na prevenção do odor corporal associado à transpiração, destaca o Dr. Lucas.
Cuidado com os gatilhos
É fundamental identificar e tentar evitar situações que desencadeiam a transpiração excessiva, como aquelas que envolvem fortes emoções e estresse. O mais ideal a se fazer é aprender a lidar com elas de um jeito mais saudável e equilibrado. Para isso, você pode contar com a ajuda de um profissional de saúde mental, como psicólogos ou psiquiatras.
Busque ajuda
"Essa condição pode ser constrangedora e muito incômoda, chegando a atrapalhar vários aspectos da vida de um indivíduo, como a carreira, os relacionamentos, o bem-estar emocional e a autoestima. Quando o suor começa a prejudicar sua qualidade de vida, é hora de procurar o médico", conclui o dermatologista.