A micose causada pelo fungo da espécie Sporothrix schenckii está descontrolada no Brasil. Trata-se da esporotricose, uma zoonose transmitida por gatos que também pode infectar cachorros e humanos.
O descontrole já ultrapassa as fronteiras nacionais, com casos confirmados na Argentina, Paraguai, Uruguai e Chile. A informação é do infectologista Flávio Telles, coordenador do Comitê de Micologia da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI).
Segundo a Folha de S. Paulo, ele abordou o assunto durante o 23º Congresso Brasileiro de Infectologia, realizado em Salvador. O Ministério da Saúde também reconheceu a situação que define como "um grave problema de saúde pública".
O acompanhamento, no entanto, não é uniforme. A pasta federal não controla a origem dos casos e não há um padrão para que os estados organizem seus números.
Assim, alguns deles registram apenas os casos de esporotricose humana — Rio de Janeiro (1.517 ocorrências em 2022 e 760 em 2023) e Minas Gerais (524 em 2022 e 517 em 2023) são exemplos. Outros, como a Bahia, fazem tal distinção. No estado, foram 402 registros de esporotricose humana e 930 da felina em 2022. Até setembro deste ano, foram 492 casos em humanos e 770 em animais.
Como ocorre a transmissão?
Segundo o Ministério da Saúde, acontece de três formas:
- quando há contato do fungo com a pele ou mucosa por meio de um trauma decorrente de acidentes com espinhos ou lascas de madeira
- quando há contato com vegetais em decomposição
- através da mordida ou arranhão de animais doentes, geralmente o gato
Como ressalta a pasta, não há transmissão de pessoa para pessoa.
A doença também tem diferentes formas clínicas e, por consequência, sintomas diversos. Conheça as quatro versões:
- esporotricose cutânea: uma ou múltiplas lesões, especialmente nos braços;
- esporotricose linfocutânea: a pasta afirma que essa é a forma mais frequente; ocorre quando os pacientes sentem pequenos nódulos na camada mais profunda da pele, seguindo o trajeto do sistema linfático da parte do corpo afetada;
- esporotricose extracutânea: ocorre quando a doença se espalha para outros locais do corpo, a exemplo dos ossos e mucosas, mas sem comprometer a pele;
- esporotricose disseminada: é quando a doença se espalha para outras áreas do corpo, mas compromete órgãos e sistemas.
Qual o tratamento para esporotricose?
Essa decisão carece, primeiro, de avaliação médica. Geralmente são ministrados antifúngicos, como itraconazol, iodeto de potássio, terbinafina e complexo lipídico de anfotericina B nos casos mais graves. Todo o processo pode durar de três a seis meses ou até um ano até a cura do paciente.
E como prevenir a esporotricose?
A principal medida visa evitar a exposição ao fungo, por isso recomenda-se o uso de luvas e roupas com manga longa durante o manuseio de material proveniente do solo e de plantas. Indivíduos com lesões suspeitas devem procurar atendimento médico assim como animais devem ser encaminhados ao veterinário.