Atividade física reduz risco de doenças cardiovasculares relacionadas ao estresse, especialmente em pacientes com depressão.
Em vez de ir pescar, talvez a melhor recomendação para quem está sofrendo com o estresse é praticar uma atividade física mais ativa. Pelo menos é o que mostra um estudo liderado por investigadores do Massachusetts General Hospital e publicado no meio de abril no Journal of the American College of Cardiology.
“O estudo mostrou que a atividade física reduz o risco de doenças cardiovasculares também como consequência da diminuição da sinalização relacionada ao estresse no cérebro. Esse é um fato importante, pois o estresse é o mal do mundo moderno e devemos considerar cada vez mais a prescrição de exercícios físicos para pacientes que sofrem com constante descarga de estresse na corrente sanguínea, estão depressivos ou esgotados”, explica a médica nutróloga Marcella Garcez, diretora e professora da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN). “O estresse alto está relacionado com maior risco de obesidade, complicações metabólicas e cardiovasculares.”
Segundo a pesquisa, pessoas com condições relacionadas ao estresse, como a depressão, experimentaram a maioria dos benefícios cardiovasculares da atividade física. Para avaliar os mecanismos subjacentes aos benefícios psicológicos e cardiovasculares da atividade física, os pesquisadores analisaram registros médicos e outras informações de 50.359 participantes. Um subconjunto de 774 participantes também foi submetido a exames de imagem cerebral e medições da atividade cerebral relacionada ao estresse.
“Durante um acompanhamento médio de 10 anos, 12,9% dos participantes desenvolveram doenças cardiovasculares. Os participantes que cumpriram as recomendações de atividade física tiveram um risco 23% menor de desenvolver doenças cardiovasculares em comparação com aqueles que não cumpriram essas recomendações. Indivíduos com níveis mais elevados de atividade física também tendem a ter menor atividade cerebral relacionada ao estresse. Notavelmente, as reduções na atividade cerebral associada ao estresse foram impulsionadas por ganhos de função no córtex pré-frontal, uma parte do cérebro envolvida na função executiva (ou seja, tomada de decisões, controle de impulsos) e que é conhecida por restringir os centros de estresse do cérebro”, comenta a Marcella.
As análises levaram em conta outras variáveis de estilo de vida e fatores de risco para doença coronariana. Além disso, as reduções na sinalização cerebral relacionada ao estresse foram parcialmente responsáveis pelos benefícios cardiovasculares da atividade física.
“Os investigadores descobriram que o benefício cardiovascular do exercício era substancialmente maior entre os participantes que deveriam ter maior atividade cerebral relacionada com o estresse, como aqueles com depressão pré-existente”, explica a médica.
“A atividade física foi aproximadamente duas vezes mais eficaz na redução do risco de doenças cardiovasculares entre aqueles com depressão. Os efeitos na atividade cerebral relacionada com o estresse podem explicar esta nova observação”, destaca Marcella.
Médico deve prescrever exercício físico
Apesar de mais estudos serem necessários para identificar potenciais mediadores e provar a causalidade, a médica nutróloga é enfática ao dizer que os médicos precisam adicionar as prescrições de atividade física no tratamento de pacientes com estresse.
“É importante transmitir aos pacientes que a atividade física pode ter efeitos cerebrais importantes, que podem proporcionar maiores benefícios cardiovasculares entre indivíduos com síndromes relacionadas ao estresse, como a depressão”, completa a médica.
Medidas alimentares também devem estar envolvidas, segundo a médica nutróloga.
“Sabemos por inúmeras pesquisas que uma dieta equilibrada, variada e o mais natural possível é a forma mais saudável de nutrir o organismo. Nesse sentido, vegetais folhosos, ótimas fontes de fibra, folatos e vitaminas C e A, frutas e legumes coloridos, podem melhorar a função cerebral, com benefícios à memória, ao sono e ao humor; frutos do mar, boas fontes de vitamina B12, selênio, ferro, zinco e proteínas importantes, também ajudam na manutenção do bom humor. Também é importante a recomendação de ingestão de alimentos fermentados, pois estes podem ajudar a equilibrar a liberação de neurotransmissores no trato gastrointestinal. Com moderação, incluir chocolate amargo, que tem propriedades antioxidantes e auxilia na liberação de neurotransmissores relacionados à sensação de prazer e bem-estar, também é válido”, diz Marcella.
“Medidas para melhorar o sono também são importantes, já que ele desempenha um papel importante no fortalecimento do sistema imunológico e na regulação de vários hormônios, incluindo os relacionados ao estresse, ao crescimento e à regulação do açúcar no sangue”, finaliza a médica nutróloga.
(*) HOMEWORK inspira transformação no mundo do trabalho, nos negócios, na sociedade. É criação da Compasso, agência de conteúdo e conexão.