A técnica do plasma rico em plaquetas pode ajudar mulheres a engravidar, melhorando a qualidade dos óvulos e do desenvolvimento embrionário inicial.
A técnica do plasma rico em plaquetas, conhecida como PRP, é usada em diversas áreas da Medicina, mas será que ela pode ajudar mulheres a engravidar? A julgar por um novo estudo em ratos com baixa reserva ovariana induzida por quimioterapia, sim.
“O PRP é um concentrado de plaquetas que é extraído do próprio sangue de uma pessoa e injetado no córtex dos ovários ou no endométrio de uma mulher. Há muitos trabalhos científicos que relatam resultados promissores. Esse estudo em específico mostrou melhora da qualidade dos óvulos e do desenvolvimento embrionário inicial”, diz Fernando Prado, especialista em Reprodução Humana, Membro da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva (ASRM), diretor clínico da Neo Vita, e um dos médicos que realiza o tratamento, que já está disponível no Brasil.
O médico explica que o envelhecimento ovariano leva a um declínio gradual tanto na quantidade quanto na qualidade dos óvulos, impactando a fertilidade.
“Nas últimas duas décadas, mais indivíduos buscaram tratamentos de fertilidade devido ao atraso na gravidez, contribuindo para a diminuição das reservas ovarianas. Recentemente, a injeção intraovariana de plasma rico em plaquetas surgiu como um tratamento promissor para pacientes diagnosticadas com reserva ovariana pobre ou insuficiência ovariana prematura, mostrando resultados positivos e encorajadores”, diz o médico.
Fernando esclarece que o PRP de ovário é um tratamento que envolve a injeção de plasma rico em plaquetas no córtex dos ovários de uma mulher.
“Esse tratamento é usado para ajudar a melhorar a função dos ovários, especialmente em mulheres que estão tentando engravidar e que apresentem baixa quantidade ou qualidade de óvulos. Há estudos, especialmente de cientistas da Grécia, que mostram que o PRP de ovário pode ajudar a aumentar a produção de óvulos, melhorar sua qualidade e promover a regeneração do tecido ovariano. Alguns resultados apresentados são até surpreendentes, como mulheres que já estavam na menopausa e que conseguiram voltar a menstruar e até mesmo a engravidar”, explica o médico.
O PRP de endométrio, por outro lado, é injetado nessa camada de revestimento interna do útero. “Esse tratamento é utilizado para melhorar a qualidade do endométrio em mulheres que estão tentando engravidar, especialmente naquelas mulheres em que este tecido não cresce, mesmo com estímulos hormonais. Além do PRP ajudar a aumentar a espessura do endométrio, ele pode melhorar a vascularização e a regeneração tecidual, além de estimular a liberação de fatores de crescimento que ajudam na implantação do embrião. Também é útil em casos de mulheres que tiveram muitas cirurgias no útero, como para retirar miomas, pólipos ou sinéquias (cicatrizes)”, diz o especialista.
Os resultados do estudo recente mostraram que a injeção intraovariana de PRP pode melhorar o número e a qualidade de blastocistos (um dos estágios do desenvolvimento de um embrião) em ovários de camundongos com insuficiência ovariana prematura danificados por altas doses de quimioterapia. "No geral, essas descobertas sugerem um possível efeito da injeção local de PRP na formação e qualidade do blastocisto", diz o médico.
Segundo o estudo, o mecanismo que explica este efeito é provavelmente devido ao aumento da sinalização parácrina local através dos fatores de crescimento liberados nos ovários tratados com PRP. “O PRP pode promover a ativação de várias cascatas de sinalização no ovário, pois contém vários fatores de crescimento que desempenham papéis cruciais na proliferação, crescimento e diferenciação celular. Esses efeitos estimulatórios podem potencialmente levar à ativação de cascatas adicionais indiretamente, resultando de mecanismos diretos e indiretos para a fertilidade”, comenta ele.
Como é feito o tratamento
O tratamento com PRP de ovário ou endométrio geralmente é realizado em uma clínica ou consultório médico, e envolve as seguintes etapas:
1. Coleta de sangue: É coletada uma amostra de sangue da paciente. A seguir, essa amostra é processada em uma centrífuga, separando as plaquetas, que são mais pesadas do que as outras células do sangue. Assim, a quantidade de plaquetas no mesmo volume de plasma ficará mais alta, resultando no PRP.
2. Preparação do PRP: O plasma rico em plaquetas é preparado e concentrado em uma seringa, no volume de 0,5 a 1,0 ml, para ser injetado no local desejado.
3. Injeção: O PRP é então injetado diretamente no ovário ou no endométrio, dependendo do tratamento escolhido. “Quando é feito no endométrio, utilizamos um catéter como o de inseminação intrauterina. É um procedimento indolor e não requer anestesia. Já para injetar nos ovários, a paciente precisa estar anestesiada e em um ambiente cirúrgico. É feito como se fosse uma coleta de óvulos para fertilização in vitro, utilizando a mesma agulha que usamos para captar os óvulos, mas injetando o PRP nos ovários”, diz o médico.
O número e a frequência das sessões de tratamento com PRP não são totalmente definidas e podem variar a depender das necessidades e condições de cada paciente. “Geralmente, são indicadas algumas sessões, realizadas com intervalos de algumas semanas, para obter os melhores resultados”, finaliza.
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