Uma atitude de Alane, participante do BBB 24, surpreendeu os telespectadores no reality show e dividiu opiniões nas redes sociais. Longe dos equipamentos de pedicure, a sister recorreu aos dentes para conseguir tirar uma pele do dedo dos pés.
Essa não é a primeira vez que um participante do Big Brother Brasil toma essa atitude. Na edição do ano passado, a biomédica Paula Freitas chegou a roer as unhas dos pés com os dentes.
Fabiano de Abreu Agrela, pós PhD em neurociências e biólogo, conta que apesar de parecer inofensiva, a atitude pode ser uma “ponte” para a transmissão de várias bactérias para o organismo.
“As unhas, das mãos ou dos pés, carregam vários fungos, bactérias e vírus que, se levados à boca, podem causar infecções e diversas doenças, incluindo herpes e faringite. Entre as bactérias presentes, destaca-se a E. coli, também encontrada em alimentos mal higienizados, causando diarreias, e a salmonela.”
O biólogo afirma que além disso, existe outra infecção comum chamada paroníquia, que atinge grande parte do tecido em torno da unha, fazendo com que ela ganhe um aspecto de unha encravada, gerando inchaço, vermelhidão, podendo também produzir pus no local.
De acordo com Agrela, o hábito de roer as unhas e mordiscar outros objetos, também pode prejudicar a saúde bucal e gerar diversas consequências.
“O ato de morder repetidamente não apenas unhas do pé, mas também pontas de lápis ou canetas pode ser muito comum, mas quando feitos muito excessivamente também pode gerar dificuldades para mastigar, deformações nos dentes, e gerar até mesmo zumbidos no ouvido”.
O hábito também tem raízes mentais
A neuropsicóloga Roselene Espírito Santo Wagner explica que o hábito de roer as unhas é chamado de unicofagia e está constantemente ligado a um estado de tensão emocional, que quase sempre tem raízes na infância e é um sintoma de alguma perturbação seja na saúde física ou mental.
“As crianças, os adolescentes ou mesmo os adultos quando se veem diante de uma situação angustiante começam a ruir as unhas frente a certas situações. Até mesmo diante da TV assistindo a um filme de terror ou um thriller psicológico”, explica a especialista
Tentando amenizar ou sublimar emoções como ansiedade, compulsão, tensão, as pessoas começam a roer as unhas. De acordo com Roselene, o hábito sempre começa na infância e, se não for tratado, perdura através da adolescência e permanece na idade adulta.
“No momento em que a criança ainda não tem a condição de vocalizar, transformar, materializar em palavras, emoções negativas, ela cria um auto flagelo, uma agressividade contra si mesmo e isso perdura como se ela pudesse sublimar, diminuir a tensão interior através do ato de roer as unhas das mãos e também em muitos casos dos pés”, ressalta a neuropsicóloga.
Saúde bucal também é afetada
A dentista Karen Bier destaca que além das bactérias serem levadas para boca, o hábito é parafuncional - realizado pelos seres humanos, mas sem uma função essencial reconhecida - e pode alterar toda a estrutura do dente, ocasionar em um desgaste, uma trinca, além de alterar toda a parte da articulação.
“Nós temos a articulação que liga a parte da mandíbula, que é a parte de baixo da boca, com a parte do crânio, então ali perto da orelha tem uma articulação chamada ATM e com esse hábito parafuncional ela pode sofrer danos também”, alerta a profissional.