A fila de espera por um transplante de córnea no Brasil praticamente dobrou ao longo dos últimos cinco anos, passando de 12.212 em 2019 para 23.946 atualmente, indicam dados do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO).
No país, a principal motivação para a cirurgia é o ceratocone, e a demanda segue alta ainda como reflexo da pandemia, afirma a Dra. Ariane Alessio, médica oftalmologista do Hospital de Olhos de Cuiabá (HOC).
"Porém, a falta de acesso ao serviço de saúde e conscientização sobre saúde ocular acabam levando a diagnósticos tardios e com isso aumento da necessidade de transplante, que é a última opção", destaca a especialista.
Segundo ela, o transplante de córnea pode ser indicado por conta de doença genética (como ceratocone, distrofia de fuchs, entre outras), ceratopatia bolhosa, infecções na córnea que não respondem ao tratamento, traumas com comprometimento da córnea, complicações após cirurgias oculares e leucomas.
Como é a cirurgia?
A cirurgia consiste em troca total (penetrante) ou parcial (lamelares) da córnea do paciente por uma de doador. Pode ser feita manualmente ou com laser de femtossegundo, explica a oftalmologista.
De acordo com a médica, o pré-operatório inclui exames para compreender a situação real da córnea do paciente. É o caso, por exemplo, do pentacam e microscopia especular da córnea, entre outros.
"No pós-operatório, o paciente precisa pingar colírios prescritos, usar oclusor e ficar de repouso que normalmente é prolongado (em torno de 3 a 6 meses, dependendo da patologia). Nos retornos, se faz a retirada de pontos gradualmente", afirma.
Resultado na visão
A visão final do paciente é muito variável, e depende principalmente da causa da doença que levou ao transplante e o tipo de cirurgia realizada. "No caso dos lamelares a visão é melhor que a do penetrante. A volta da visão demora, podendo mudar até 1 ano após cirurgia por causa do manejo de pontos", explica a médica.
O transplante de córnea é a última alternativa
Ariane salienta que o transplante deve ser a última alternativa, e por isso, é tão valioso o diagnóstico precoce. "Tudo começa pela conscientização da população e políticas públicas que levem o paciente a uma rotina de acompanhamento com oftalmologista desde os primeiros anos de vida. Em contrapartida, divulgar mais a importância da doação de órgãos, para salvar olhos que não tiveram outra chance", destaca.