Você provavelmente já deve ter ouvido falar em borderline, que trata-se de um transtorno de personalidade e não de humor. Para entender o assunto, o SD conversou com a Ana Gabriela Andriani, psicóloga e mestre e doutora pela Unicamp.
Segundo ela, "as oscilações de humor, são mais instáveis e efêmeras, diferentes do que ocorre na bipolaridade, quando a pessoa vive momentos mais longos em estados depressivos e outros em estados de agitação e euforia".
A psicóloga diz que quem apresenta essa síndrome, ao mesmo tempo que precisa intensamente do amor do outro, sente-se culpada por achar que fez algo que irá romper a relação.
"A maioria dos indivíduos que sofrem desse transtorno age com impulsividade, tem dificuldade em lidar com a frustração, medo de ser abandonado e demonstram com frequência uma tendência ao uso de álcool, drogas e a cometer atos contra si mesmo, pelo fato de se sentir culpado (a).
É comum que quem sofre de transtorno borderline estabeleça relações de dependência com o outro pra poder ter referências sobre si mesmo, como se tentasse se constituir por meio dele.
"Neste sentido, a perda do outro representa a perda de si. Sente-se vazio e, por conta disso, deprime. Vive aprisionado no paradoxo idealização/ desvalorização de si mesmo. É muito exigente consigo ao mesmo tempo que não se acha suficientemente bom", complementa Ana Gabriela.
A relação com quem é borderline é considerada desafiadora porque envolve momentos de intensa afetividade, ao mesmo tempo que a pessoa se sente frustrada pela agressividade e culpa. Dar suporte aos seus estados emocionais e ajudá-lo a buscar um acompanhamento psicoterapêutico são funções importantes dos familiares e pessoas próximas.
Por essa questão, o tratamento consiste na realização de uma psicoterapia que tem o objetivo de oferecer um suporte para toda a instabilidade de humor vivida, e principalmente, a possibilidade de fortalecimento da pessoa, para que ela possa se constituir subjetivamente.
Vale ressaltar que é fundamental para quem vive este transtorno, realizar um trabalho psicoterapêutico porquê será a partir dele que poderá se fortalecer e constituir para a partir daí, poder se libertar do binômio dependência/culpa.
Fonte: Ana Gabriela Andriani, psicóloga e mestre e doutora pela Unicamp