As feridas por si só já acendem um sinal de alerta. Isso porque elas são a porta de entrada para bactérias e outros microrganismos, que podem trazer prejuízos à saúde. Mas, além disso, quando a ferida está nos membros inferiores e não cicatriza, corre risco de se tornar uma úlcera venosa.
A úlcera venosa, também conhecida como úlcera de estase ou úlcera varicosa, é uma ferida que ocorre geralmente na perna ou no tornozelo, que não cicatriza ou que cicatriza muito lentamente, explica a Dra. Cristienne Souza, cirurgiã vascular da Venous.
"Essa condição ocorre devido à insuficiência venosa crônica, que é a dificuldade de retorno do sangue dos membros inferiores para o coração", comenta a especialista.
O risco é maior quando envolve determinadas doenças
Segundo ela, a relação com doenças cardíacas não é direta, pois as úlceras venosas são principalmente associadas a problemas no sistema venoso e não ao sistema cardíaco.
"Contudo, fatores de risco cardiovascular, como hipertensão, diabetes e obesidade, podem contribuir indiretamente para a insuficiência venosa, aumentando o risco de desenvolvimento de úlceras venosas", aponta a cirurgiã.
A médica lembra que o risco de úlcera venosa pode ser maior em pacientes com diabetes. Isso porque o diabetes pode causar danos aos vasos sanguíneos e nervos (neuropatia diabética), afetando a circulação e a sensibilidade, principalmente nos pés e pernas.
Além disso, a redução da sensibilidade nos pés, faz com que feridas passem despercebidas e se agravem. Vale destacar ainda que o diabetes também afeta a capacidade de cicatrização do corpo, tornando qualquer ferida ou lesão mais suscetível a complicações e a se transformar em uma úlcera.
Primeiros sinais de úlcera venosa
Conforme a Dra. Cristienne Souza, é importante observar as alterações causadas pela insuficiência venosa crônica antes do aparecimento de feridas. Segundo ela, esses sinais são:
- Inchaço crônico;
- Dor;
- Sensação de peso nas pernas;
- Escurecimento da pele das pernas (dermatite ocre);
- Eczema venoso (dermatite de estase);
- Veias varicosas proeminentes.
"À medida que a condição avança, pode-se notar a formação de uma ferida aberta, que pode ou não exsudar fluido. Diante desses sinais, é importante procurar um médico especialista, como um cirurgião vascular, para uma avaliação adequada e início do tratamento", alerta.
De acordo com a cirurgiã vascular, as medidas iniciais podem incluir cuidados locais com as feridas, antibióticos (se houver sinais de infecção), uso de meias de compressão e, dependendo da causa subjacente, procedimentos cirúrgicos minimamente invasivos para melhorar a circulação venosa.
Prevenção
"É importante enfatizar o tratamento precoce da insuficiência venosa crônica como parte crucial do manejo para prevenção da úlcera venosa. Isso inclui manter um peso saudável, praticar exercícios regularmente para melhorar a circulação sanguínea, evitar ficar em pé ou sentado por períodos prolongados, e usar meias de compressão e tratar a causa basal (que pode ser varizes e/ou doença da safena)", destaca.
Além disso, também é importante para os pacientes monitorarem suas pernas e pés regularmente para detectar quaisquer sinais de problemas o mais cedo possível, o que pode melhorar significativamente o prognóstico.