Vacina americana contra zika pode levar dez anos, dizem pesquisadores

27 jan 2016 - 20h04
Nikos Vasilakis afirma que parte mais lenta do processo é aprovação por órgãos reguladores
Nikos Vasilakis afirma que parte mais lenta do processo é aprovação por órgãos reguladores
Foto: Divulgação/BBC Brasil / BBC News Brasil

Cientistas americanos que estudam o zika vírus advertiram que pode levar uma década até que sua vacina à doença esteja disponível ao público.

O vírus, que já se espalhou por ao menos 21 países do continente, foi ligado a microcefalia em bebês, e 3,4 mil casos suspeitos no Brasil estão sendo investigados pelo Ministério da Saúde. Há, segundo o órgão, 270 casos confirmados da má-formação.

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Nos EUA, a busca pela vacina está sendo liderada por cientistas da Universidade do Texas, que visitaram o Brasil para pesquisar e coletar amostras, agora sob análise em laboratório.

Mas os cientistas afirmam que, ainda que possam desenvolver uma vacina para testes em até dois anos, podem precisar de dez anos para que ela seja aprovada por órgãos reguladores.

"O que demoraria mais seria o processo de aprová-la no FDA (órgão americano que regula alimentos e medicamentos) e outras agências reguladoras para liberá-la ao uso público. E isso pode levar até dez ou 12 anos", disse à BBC Nikos Vasilakis, professor-assistente do Departamento de Patologia da universidade.

Segundo reportagem do jornal O Estado de S. Paulo desta quarta-feira, porém, um compromisso selado entre autoridades brasileiras e americanas buscaria "acelerar" esse prazo para três anos.

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O Brasil também está desenvolvendo pesquisas próprias por vacinas. Uma, do Instituto Butantan, poderia ser acelerada por causa da urgência da situação e sair em cinco anos.

Laboratório

A BBC visitou o laboratório da Universidade do Texas, cujo acesso é controlado com rigidez pela polícia e pelo FBI.

O insetário dos pesquisadores tem mais de 20 tipos diferentes de mosquitos e "amostras" de Aedes aegypti - transmissor do zika, da dengue e do chikungunya - de 12 países diferentes.

Um dos pesquisadores, Scott Weaver, diretor do Instituto de Infecções Humanas e Imunidade da universidade, disse à BBC que as pessoas estão certas em temer o vírus, sobretudo com relação a gestações.

"O risco é de fato significativo. E se ocorrer a infecção do feto (pelo vírus) e a microcefalia se desenvolver, não temos como alterar os desdobramentos de uma doença grave, que às vezes é fatal ou deixa crianças com deficiências mentais pelo restante de suas vidas."

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Pesquisadores estudam também se o zika pode ser transmitido por relações sexuais ou pela saliva, ainda que isso pareça ser mais incomum.

"Achamos que a transmissão sexual pode ocorrer, mas não sabemos com qual frequência ou qual o risco de um indivíduo ser infectado", afirma Weaver.

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