Dados obtidos pelo R7 mostram que, entre 2012 e 2021, o número de caixas de zolpidem comercializadas em território nacional subiu 676%. Os números são da CMED (Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos) e foram enviados pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Apenas no primeiro semestre deste ano, os brasileiros compraram 10,6 milhões de caixas do remédio, o que representa mais da metade (55,6%) do total de 2021.
Zolpidem
O zolpidem é um remédio da classe dos hipnóticos e tem a venda autorizada no Brasil desde 2007. No entanto, o uso indiscriminado do medicamento pode acarretar sérios riscos à saúde e à integridade física. Isso porque o zolpidem é um fármaco da classe dos hipnóticos (para indução do sono). Sua utilização é de curto período - no máximo, quatro semanas.
Recentemente, diversos relatos têm viralizado na internet de pessoas que tomaram zolpidem e precisaram lidar com seus efeitos adversos, que incluem alucinações, agitação, pesadelos e depressão. Para o neurologista do Hospital Israelita Albert Einstein, Dr. Wanderley Cerqueira de Lima, o medicamento está na moda.
É importante saber o que está acontecendo com o seu sono
"Não podemos esquecer que o remédio tem os seus efeitos colaterais. O mais importante é ter a avaliação de um profissional que saiba identificar qual o distúrbio do sono do paciente", destaca o especialista.
Conforme o médico, a insônia é apenas um dos muitos distúrbios que atrapalham o sono. Outras coisas podem impedir uma noite bem dormida, como comorbidades e maus hábitos noturnos. "Também não podemos esquecer que às vezes as pessoas fazem uso de outras substâncias psicoestimulantes, que também atrapalham o sono, como a cafeína", acrescenta o neurologista.
Graças ao seu efeito quase imediato, o uso do zolpidem pode fazer o paciente ignorar esses outros fatores que causam a má qualidade do sono - é o caso de distúrbios como a ansiedade. "O remédio não é uma bengala. Nós temos que saber a causa [da insônia] para eliminá-la", reforça o Dr. Wanderley.