Murilo Couto anunciou que precisaria se ausentar do programa The Noite, do SBT, para cuidar da mãe diagnosticada com Demência Frontotemporal. Neurologista e geriatra explicam sintomas, tratamento e cuidados necessários para o paciente e os cuidadores.
Nesta última semana, Murilo Couto anunciou que precisaria se ausentar do programa The Noite, do SBT. O humorista, que participava há 10 anos da atração apresentada por Danilo Gentili, informou que vai dedicar seu tempo aos cuidados da mãe, diagnosticada há quatro anos com Demência Frontotemporal.
Em entrevista ao Terra Você, a neurologista na Associação Brasileira de Epilepsia (ABE), Isabella D’Andrea, explica que a demência frontotemporal é um tipo de demência que afeta principalmente as regiões de controle das funções sociais e emocionais.
A médica conta que a questão é comportamental e o paciente apresenta também alteração de personalidade, comportamento e de linguagem. As ações de desinibição, dificuldade em expressar ideias ou realizar tarefas simples, remetem a doença a um “comportamento infantil”.
“E à medida que a doença vai evoluindo, também irá comprometer a questão da memória. É uma demência que compromete principalmente a região frontal do cérebro e a região temporal”, diz a especialista.
Quanto às causas, D’Andrea ressalta que existem alguns aspectos genéticos envolvidos, em torno de 30% a 50% com histórico familiar, principalmente quando os casos são precoces e de início.
Sintomas
Com relação aos sintomas, a neurologista explica que eles podem variar dependendo da região do cérebro afetada. Mesmo assim, vão incluir questões relacionadas ao comportamento e personalidade.
“O paciente fica mais agressivo, pode desenvolver hipersexualidade, começar a falar palavrões, dificuldade na fala e linguagem. Ele também terá problemas na questão da execução de tarefas, dificuldade de julgamento e de empatia”, detalha a médica.
A neurologista ainda alerta que crises epilépticas são comuns e frequentes em pacientes com demência frontotemporal. “O importante é abordar e investigar a presença de muitas crises epilépticas em pacientes com essa doença específica, já que elas podem não ser um indício muito característico em pessoas jovens”.
Tratamento
A médica conta que não existe um tratamento específico para essa doença. Na maioria das vezes, o procedimento vai envolver uma abordagem multidisciplinar, com uso de medicamentos que possam ajudar no controle dessas questões comportamentais, como agressividade, ansiedade e depressão.
“Terapia de suporte, como ocupacional, fono, psicologia e apoio à família serão necessários. É uma demência, que como qualquer tipo de doença, compromete de forma importante a família”, completa a profissional.
A médica geriatra da Saúde no Lar, Simone de Paula Pessoa Lima, destaca que é importante que a família crie um ambiente propício para o paciente, estruturando uma rotina onde eles se sintam seguros.
“Se os familiares e cuidadores organizarem uma sequência do que esse indivíduo deve fazer ao longo do dia, ajuda para que ele crie um hábito do que precisa realizar e mantenha-se mais independente”, aconselha a profissional.
Além disso, é importante comunicar alterações que possam ocorrer nessa rotina e entender que, além de cuidar do doente, é fundamental o cuidado daqueles que estão exercendo esse papel de cuidador, buscando informações sobre a doença, ajuda médica e de equipes de saúde que possam prestar assistência dentro de casa, aconselhamento com grupos de apoio, além de descansar, realizar atividades que tragam prazer, uma alimentação equilibrada e atividades físicas.