A luz pode impactar nosso humor e saúde mental de várias formas, especialmente para quem já lida com condições como transtorno bipolar e depressão.
É primavera, e você provavelmente notou uma mudança nos horários em que o Sol nasce e se põe. Mas será que também percebeu uma mudança em seu humor? Já sabemos há algum tempo que a luz desempenha um papel em nosso bem-estar. Muitos de nós tendem a se sentir mais positivos quando a primavera retorna. Mas, para outras pessoas, grandes mudanças na luz, como no início da primavera, podem ser desafiadoras. E, para muitos, luz intensa à noite pode ser um problema. Veja o que está acontecendo.
Descobrimos que a luz que atinge a parte de trás dos olhos envia "sinais de tempo" para o cérebro e para o relógio mestre do sistema circadiano. Esse relógio coordena nossos ritmos diários (circadianos). "Genes do relógio" também regulam esses ritmos, controlando quando muitos outros genes se ativam e desativam durante o ciclo de 24 horas, de luz e escuridão. Mas como tudo isso está ligado ao nosso humor e saúde mental?
Ritmos circadianos podem ser interrompidos. Isso pode ocorrer devido a problemas no desenvolvimento ou funcionamento do relógio biológico, ou quando alguém é constantemente exposto a luz intensa durante a noite. Quando há uma interrupção circadiana, o risco de certos distúrbios mentais aumenta. Isso inclui o transtorno bipolar e a depressão atípica (um tipo de depressão em que a pessoa sente muito sono e tem problemas com energia e metabolismo).
Estudos em animais também mostram que a luz pode afetar circuitos cerebrais que controlam o humor, e há evidências de que isso ocorre em humanos. Um estudo de imagem cerebral mostrou que a exposição à luz intensa durante o dia, enquanto a pessoa estava dentro de um scanner, alterou a atividade de uma região cerebral envolvida no humor e na atenção.
Outro estudo de imagem cerebral encontrou uma ligação entre a exposição diária à luz solar e a forma como o neurotransmissor serotonina se liga aos receptores no cérebro. Vemos alterações na ligação da serotonina em vários distúrbios mentais, incluindo a depressão.
O que acontece quando as estações mudam?
A luz também pode afetar o humor e a saúde mental à medida que as estações mudam. Durante o outono e o inverno, sintomas como humor deprimido e fadiga podem aparecer. Porém, muitas vezes, quando a primavera e o verão chegam, esses sintomas desaparecem. Isso é chamado de "sazonalidade" ou, quando grave, "transtorno afetivo sazonal".
O que é menos conhecido é que, para outras pessoas, a mudança para a primavera e o verão (quando há mais luz) também pode vir acompanhada de mudanças no humor e na saúde mental. Algumas pessoas experimentam aumentos de energia e uma maior vontade de se manterem ativas. Isso pode ser positivo para alguns, mas pode ser seriamente desestabilizador para outros. Isso também é um exemplo de sazonalidade.
A maioria das pessoas não é muito sazonal. Mas para aquelas que são, a sazonalidade tem um componente genético. Parentes de pessoas com transtorno afetivo sazonal têm maior probabilidade de experimentar sazonalidade. A sazonalidade também é mais comum em condições como o transtorno bipolar. Para muitas pessoas com essas condições, a transição para dias mais curtos durante o inverno pode desencadear um episódio depressivo.
Curiosamente, dias mais longos na primavera e no verão também podem desestabilizar pessoas com transtorno bipolar, colocando-as em um estado "ativado", onde a energia e a atividade estão em alta, tornando os sintomas mais difíceis de gerenciar. Assim, a sazonalidade pode ser algo sério.
Em resumo, mudanças na quantidade e no momento da exposição à luz podem impactar nossa saúde mental de várias formas, especialmente para quem já lida com condições como transtorno bipolar e depressão. Adaptar-se às variações sazonais e prestar atenção ao impacto que a luz tem em nosso humor pode ser importante para nosso bem-estar.
Fonte: Science Alert
(*) André Forastieri é jornalista, empreendedor, Top Voice LinkedIn e fundador da plataforma Homework. Se você curtiu esse vídeo e quer receber conteúdos exclusivos, assine sua newsletter aqui, é grátis: andreforastieri.com.br.