SOROCABA - Para ampliar o acesso da população a uma das medidas de proteção contra o coronavírus, empresas e voluntários estão se mobilizando para produzir e doar máscaras em todo o Estado de São Paulo. Milhares já são distribuídos diariamente, principalmente em cidades em que o uso de máscara para sair à rua é obrigatório. Os doadores seguem diretriz do Ministério da Saúde, que chegou a divulgar orientações sobre a confecção de máscaras de pano. A pasta informou sobre as medidas corretas para cobrir totalmente a boca e o nariz, devendo ser lavadas após cada uso, com sabão e água sanitária, ficando de molho por 30 minutos.
Em Americana, interior paulista, a professora Amanda de Oliveira e sua mãe, Silvia, tiveram a ideia de fazer as máscaras e fixar em um varal à frente de suas casas, no bairro Vale das Nogueiras. Cartazes orientam as pessoas a escolher e retirar o apetrecho, feito em tecido duplo, com a face externa colorida. A iniciativa ganhou o apelido de "Varal do Bem". Amanda, que é professora e está em isolamento social, disse que a ideia surgiu ao ver idosos caminhando pela rua sem usar a proteção. Mãe e filha conseguiram doações de tecido e elástico para a produção.
Dona de lavanderias em Cotia (Granja Viana) e Vargem Grande Paulista, a empresária Fabiane Stoll encontrou na confecção de máscaras uma forma de proteger as pessoas e arrecadar alimentos para comunidades carentes. Os clientes fazem a doação de alimentos não perecíveis e levam a proteção para casa. A confecção das máscaras é feita pela costureira da lavanderia e voluntárias. Tecidos e aviamentos são doados por empresários e clientes. "Além de unirmos a comunidade, a campanha serviu de estímulo para todos nós, que estávamos desanimados com a crise do coronavírus", disse Fabiane.
Em Votorantim, uma fábrica têxtil conta com a ajuda dos funcionários em férias, devido à quarentena, para produzir e doar máscaras. Os tecidos foram doados. "Montamos uma equipe e já fizemos cerca de 25 mil máscaras. Sentimos que é nossa obrigação ajudar", disse o empresário Valdir Ghiselini. A prefeitura de Santa Bárbara d'Oeste começou a distribuir 50 mil máscaras doadas por três empresas do setor têxtil da cidade. A iniciativa, que mobiliza os funcionários das indústrias, está garantindo a produção de dez mil unidades por semana.
A Associação de Desenvolvimento Econômico e Social às Famílias (Adesaf), de São Vicente, na Baixada Santista, cadastrou costureiras para a produção de máscaras com tecidos doados pelo Rotary Club local. A distribuição é feita pela assistência social do município e pelos serviços de saúde.
Em Botucatu, os formandos da 13ª turma da Faculdade de Medicina da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp) trocaram a festa de formatura pela arrecadação de TNT para a confecção de máscaras e aventais. Os equipamentos de proteção — 4,5 mil máscaras e 4,5 mil aventais — já foram entregues aos profissionais de saúde do Hospital das Clínicas de Botucatu.
Estudantes e professores de Unesp, Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e Faculdade de Tecnologia de Sorocaba também se juntaram para produzir protetores faciais para profissionais de saúde que atuam contra a covid-19. Os equipamentos são fabricados nos laboratórios do campus de Sorocaba da UFSCar. Alunos e professores fizeram uma 'vaquinha' virtual para comprar a matéria-prima.
A confecção de máscaras virou fonte de renda para as 40 costureiras da Cooperativa de Trabalho de São José do Rio Preto. A Prefeitura encomendou 30 mil máscaras de tecido para distribuir a funcionários da saúde e seus familiares, e vai pagar pelo serviço às costureiras, que fazem parte de um projeto social voltado às comunidades vulneráveis. "As máscaras de tecido são para uso geral da população, pois funcionam como barreira física contra gotículas de saliva", explicou a gerente da vigilância epidemiológica municipal, Andreia Negri.
Por iniciativa do governo estadual, os presos de unidades prisionais de Tremembé, Tupi Paulista, Andradina, Araraquara e Itaí, no interior paulista, estão produzindo 50 mil máscaras por dia. Em contrapartida, eles têm como benefício a redução de um dia na pena a cada três trabalhados.
Uso obrigatório
Em algumas cidades do interior, o uso de máscaras já é obrigatório para quem sai à rua. Em muitas outras, o protetor é exigido somente de funcionários e clientes do comércio essencial. Em Ribeirão Preto, o uso de máscaras ao sair de casa se tornou obrigatório e, a partir de quarta-feira, 22, quem for flagrado sem o acessório será multado. A multa de R$ 55,22 por pessoa está prevista em decreto assinado pelo prefeito Duarte Nogueira (PSDB).
Em Tietê, a multa para quem não usar máscara em locais públicos será a partir de R$ 270. O decreto, publicado sábado, 18, pela prefeitura, vigora a partir de quarta-feira, 22. Um decreto municipal já tornou obrigatório o uso de máscaras em Porto Feliz. A cidade registrou neste domingo, 19, a primeira morte confirmada por coronavírus.