Confinada no Big Brother Brasil 24, Wanessa Camargo revelou aos brothers que precisou se submeter a uma cirurgia no colo do útero aos 27 anos, quando teve dificuldades para engravidar por causa da endometriose.
"Estava com 27 anos e não conseguia engravidar. Falei: 'vamos operar'. Um ano depois, eu engravidei [...] e a relação [sexual] virou outra. Eu só conseguia [na posição] papai e mamãe. Não podia bater no fundo, porque batia no colo do útero. E quando ia fazer exame, era uma dor descomunal. […] Eram feridas, como se estivesse machucada, aberta. Estava no caso de pegar no intestino e ter que cortar parte dele, olha a gravidade. Era grau quatro”, afirmou a cantora, que atualmente tem 41 anos e dois filhos.
A endometriose é a presença do tecido de glândulas que reveste a cavidade uterina por dentro (endométrio), fora da cavidade uterina. Mensalmente, o endométrio é estimulado pelo estrogênio a crescer e formar um “ninho” para receber um óvulo fecundado. Quando não ocorre a fecundação, esse “ninho” desaba, provocando sangramento, que é a menstruação.
O tecido endometrial que se encontra fora da cavidade uterina, também responde aos estímulos do estrogênio, cresce e sangra da mesma maneira. O sangramento na cavidade abdominal é extremamente irritativo da membrana que reveste o abdômen por dentro, causando dor. Devido às características de adesão e formação de coágulos, essa alteração pode causar a formação de aderências pélvicas levando também a infertilidade.
Quem pode fazer a cirurgia?
O médico ginecologista com foco de atuação em oncoginecologia, Alexandre Silva, explica em entrevista ao Terra que a eficácia da cirurgia de endometriose, como a que Wanessa Camargo passou, é muito boa quando realizada por profissional especializado nesse tipo de tratamento, capaz de remover as lesões de endometriose e restaurar a anatomia do sistema reprodutor feminino.
“A maior parte das pacientes têm lesões na região atrás do colo do útero e fundo da vagina e, portanto, são lesões que causam dor à relação sexual devido a inflamação que causam na região. A remoção dessas lesões melhora muito significativamente a saúde sexual dessas pacientes pela diminuição e até mesmo ausência da inflamação local pós-cirurgia”, explica o especialista.
A cirurgia é recomendada sempre que houver sintomas associados a achados clínicos em exames de imagem. Nos casos em que as pacientes apresentem condições clínicas que contraindicam o procedimento, como uma cardiopatia, por exemplo, o procedimento cirúrgico não é recomendado.
“A cirurgia é o único tratamento que remove as lesões, tratando a causa dos sintomas diretamente. Os tratamentos hormonais são capazes de amenizar os sintomas mas não removem as lesões e nem tão pouco as fazem desaparecer, apenas ‘esfriam’ o processo inflamatório, diminuindo os sintomas”, detalha o ginecologista.
Como em todo procedimento cirúrgico, existem riscos envolvidos que podem ser amenizados quando a cirurgia é realizada por profissional especializado no tratamento da patologia.
O médico explica que as lesões estão frequentemente localizadas próximas e aderidas a estruturas anatômicas sensíveis como os ureteres (pequenos “tubinhos” que levam a urina dos rins até a bexiga) ou intestino, o que pode causar complicações em sua remoção.
“Quando as lesões estão nos ovários, formando cistos com sangue (endometriomas), o tratamento para remoção desses cistos, pode prejudicar a reserva ovariana e a fertilidade se não forem realizados com a técnica adequada. Quando comprometem as tubas uterinas, a remoção também pode danificá-las, prejudicando a mobilidade tubária e com isso a fertilidade”, conclui o profissional.