RIO - Uma semana depois de ser alvo da Operação Placebo por causa de suspeitas de corrupção na Saúde, o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), decretou intervenção nos hospitais de campanha do Estado. Atrasadas, as sete unidades vinham sendo geridas pela organização social Iabas, um dos focos da investigação do Ministério Público sobre fraudes em contratos durante a pandemia do coronavírus.
No decreto, Witzel cita os "fatos graves amplamente repercutidos na imprensa a respeito do atraso e deficiência na gestão" dos hospitais para justificar a intervenção. Apesar de prometidos para o dia 30 de abril, a única unidade dentre as geridas pela Iabas a ser entregue foi a do Maracanã, na zona norte da capital - e parcialmente.
Além disso, há indícios de desvios de recursos por meio de superfaturamento, segundo o Ministério Público. A empresa firmou contrato de R$ 835 milhões com o governo, de forma emergencial, para administrar os hospitais de campanha. E haveria, segundo os investigadores, "prova robusta" de que há um esquema de corrupção em torno deles. Ligada à secretaria, a Fundação Estadual de Saúde será responsável pela gestão a partir de agora.
Em meio a isso, a Assembleia Legislativa instaurou nesta terça-feira, 2, uma comissão especial que vai analisar os contratos assinados pelo Executivo no âmbito da pandemia. Presidido pela deputada Martha Rocha (PDT), o grupo já determinou, por exemplo, a oitiva do secretário de Saúde, Fernando Ferry, e do ex-chefe da pasta Edmar Santos, além da presença de integrantes do Ministério Público e do Tribunal de Contas para acompanhar os trabalhos.
Além da comissão, Witzel vive na Alerj a iminência da abertura de um processo de impeachment - justamente por causa do suposto esquema de corrupção. Três pedidos foram apresentados na semana passada.