Recentemente, diversos relatos sobre os efeitos de um remédio para insônia têm viralizado na internet. Trata-se do zolpidem, medicamento indicado para quem enfrenta problemas para dormir. Em agosto, um jovem relatou ter comprado passagens aéreas sob o efeito do fármaco.
A frequência com que esses relatos aparecem sugere que o medicamento se tornou um fenômeno, especialmente entre os mais jovens. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) calcula que, entre 2011 e 2018, a venda do zolpidem cresceu 560% no país. Apenas em 2020, foram comercializadas 8,73 milhões de caixas do remédio nas farmácias brasileiras.
No entanto, o uso indiscriminado do medicamento pode acarretar sérios riscos à saúde e à integridade física. Isso porque o zolpidem é um fármaco da classe dos hipnóticos (para indução do sono) que deve ser usado por um curto período - no máximo, quatro semanas.
É necessário recorrer ao zolpidem?
Para o neurologista do Hospital Israelita Albert Einstein, Dr. Wanderley Cerqueira de Lima, o zolpidem está na moda. "Mas nós não podemos esquecer que o remédio tem os seus efeitos colaterais. O mais importante é ter a avaliação de um profissional que saiba identificar qual o distúrbio do sono do paciente", destaca o especialista.
Conforme o médico, a insônia é apenas um dos muitos distúrbios que atrapalham o sono. Outras coisas podem impedir uma noite bem dormida, como comorbidades e maus hábitos noturnos - é o caso de ficar no celular até tarde, por exemplo, já que a emissão da luz do aparelho pode impactar as horas de descanso.
"Também não podemos esquecer que às vezes as pessoas fazem uso de outras substâncias psicoestimulantes, que também atrapalham o sono, como a cafeína", acrescenta o neurologista.
Graças ao seu efeito quase imediato, o uso do zolpidem pode fazer o paciente ignorar esses outros fatores que causam a má qualidade do sono - é o caso de distúrbios como a ansiedade. "O remédio não é uma bengala. Nós temos que saber a causa [da insônia] para eliminá-la", reforça o Dr. Wanderley.