Avião não foi a única invenção de Santos Dumont: veja legado

De motor para alpinistas à criação do hangar [...]

15 abr 2024 - 08h57
(atualizado às 11h44)

Antes de contornar a Torre Eiffel e ganhar o mundo, Alberto Santos Dumont teve os pés bem fincados no chão. E uma de suas certezas era que todo conhecimento deveria ser compartilhado.

Dinheiro e patentes não eram preocupações para ele, por isso, esse aviador-inventor ficou conhecido por divulgar publicamente seus projetos e nunca ter patenteado suas invenções.

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Há mais de um século, Dumont já era creative commons e suas invenções, um código aberto. Seu Demoiselle, o pequeno avião que mais parecia um triciclo de asas, por exemplo, teve seus dados técnicos publicados em jornais da Europa, EUA e Argentina.

Foto: Reprodução / Viagem em Pauta

'Pai da aviação', 'Marechal do ar', 'Rei do Ar' e 'Brasileiro Voador'. Apelidos não faltaram para descrever esse brasileiro de Palmira, na Zona da Mata (MG), que foi muito mais do que o pai da máquina de voar mais pesada que o ar.

De motor portátil para alpinistas à criação do conceito de hangar, tudo foram invenções desse mineiro fã da literatura de Júlio Verne.

 

LEGADO DE SANTOS DUMONT

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Menor balão do mundo

Aos 25 anos de idade, Santos Dumont estreava no mundo das invenções com seu balão-livre 'Brasil', a única a receber nome no lugar de números.

Embora balões tripulados já não fossem novidade, há mais de um século, o brasileiro inovou trocando a seda chinesa pelo leve e resistente tecido japonês, nessa engenhoca de dimensões discretas: 113 m³, numa época em que os balões tinham entre 500 e dois mil m³.

Segundo o pesquisador Fernando Hippólyto da Costa, autor do livro Alberto Santos Dumont: o pai da aviação, Dumont carregava o balão dentro de uma maleta por conta das "proporções diminutas e de pouco peso".

Primeiro balão criado por Santos Dumont, em 1898
Foto: Domínio Público / Viagem em Pauta

O Nº 1

Estudioso e decidido a dar direção aos seus próprios voos, Dumont surpreenderia os parisienses com seu Nº 1, em 1898.

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Ao adaptar um motor de motocicleta de 3,5 HP e menos de 30 kg de peso, o brasileiro dava vida (e altura) a seu primeiro balão dirigível. A uma velocidade de 30km/h, o balão revolucionava o inexistente setor, voando com um motor a gasolina, a despeito das opiniões contrárias.

A primeira tentativa no dia 18 de setembro não deu certo e, aos, 400 metros do chão, o modelo perdeu força com o balonete, parcialmente, inflado, lançando Dumont contra árvores, no Jardim da Aclimatação.

Dois dias depois, porém, o persistente brasileiro voltaria a tentar a ascensão com seu dirigível e, pela primeira vez, "as pessoas ouviam um motor roncando nos céus de Paris".

O Nº 1 de Santos Dumont
Foto: Domínio Público / Viagem em Pauta

1º hangar do mundo

Mas para que dominar os céus se não tinha onde guardar balões que chegavam a sete metros de altura?

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Dumont é conhecido também como o inventor da "garagem aérea", ideia que surgiu para evitar os altos gastos com hidrogênio dos balões, que precisavam ser esvaziados após cada voo, e para que o brasileiro pudesse decolar quando bem entendesse.

O século XX nem tinha começado e a França via surgir o primeiro hangar do mundo, uma garagem de balões com 11 metros de altura, 30 de comprimento e outros sete de largura, em Saint-Cloud.

Nos anos seguintes, 1902 e 1903, Mônaco e a francesa Neuilly veriam Dumont erguer outros dois hangares, com portas rolantes e até 15 metros de altura.

Hangar de Saint-Cloud, na França, com o dirigível Nº 9
Foto: Domínio Público / Viagem em Pauta

"Deslizador aquático"

Para o pesquisador Henrique Lins de Barros, 1907 foi um ano de criação alucinada para Santos Dumont.

Foi naquele mesmo ano que o brasileiro desenvolveu o Nº 18, o primórdio do hidroavião. A máquina era equipada com um motor de 100 cavalos e "asas e lemes submersos" que permitiam "voar" nas águas do Rio Sena, em Paris.

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Ao retornar da Europa, no final de 1928, o brasileiro foi recebido no Rio de Janeiro com a apresentação aérea de dois hidroaviões, mas justo o que levava o nome do brasileiro perdeu sustentação e caiu na Baía de Guanabara, matando toda a tripulação.

Santos Dumont com seu Nº18
Foto: Creative Commons / Viagem em Pauta

Abalado e já com graves problemas causados pela depressão, Dumont retornaria a Paris, após esse que ficou conhecido como o "primeiro acidente com uma aeronave comercial no Brasil".

Aliás, um dos aviões daquele dia pertenciam a Condor Syndikat, companhia aérea responsável pelo primeiro voo da aviação comercial no Brasil, em fevereiro de 1927, com o hidroavião Dornier Wal D-112, conhecido como Atlântico.

A primeira aeronave registrada do país fazia a rota Porto Alegre - Pelotas, sobrevoando a Lagoa dos Patos, no Rio Grande do Sul.

A catapulta para salvamento de afogados foi uma das invenções de Santos Dumont
Foto: Domínio Público / Viagem em Pauta

Esqui mecânico

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Testada na Suíça, durante um das passagens de Dumont pela Europa, uma mochila foi colocada nas costas de um alpinista com um motor leve de 1/2 HP de potência, auxiliando assim a escalada de montanhas.

Outras invenções do brasileiro que nunca mais se ouviria falar (nem ver) foram o arpão com boias de borracha que servia como catapulta para salvamento de afogados em praias.

Foto: Museu do Amanhã/Reprodução / Viagem em Pauta

Chuveiro de água quente

Foi em sua casa de Petrópolis, na região serrana do Rio de Janeiro, que Dumont desenvolveu a versão brasileira do chuveiro de água quente, cuja invenção tinha aquecimento a álcool e contava com um balde dividido ao meio, com saída para água fria e quente, e duas correntes de temperatura.

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