Bem antes da invasão daquelas terras paradisíacas por naus portuguesas, o sul da atual Bahia já arrancava adjetivos em cartas e relatos históricos de quem passava por ali.
Piscinas naturais na beira da praia, falésias imponentes que se erguem diante do mar e uma sequência de outros cenários que, até hoje, só podem ser vistos a pé ou de bicicleta.
E a Barra do Cahy é um desses destinos.
Localizada no litoral norte do município de Prado, no extremo sul da Bahia, a Barra do Cahy parece do mesmo jeito da época em que europeus avistaram terras do lado de cá do Atlântico, no dia 22 de abril de 1500, cujas descrições faziam referência a praias desertas e extensas faixas de areia virgens.
Monte Pascoal
"Neste dia, a horas de véspera, houvemos vista de terra! Primeiramente dum grande monte, mui alto e redondo; e doutras serras mais baixas ao sul dele; e de terra chã, com grandes arvoredos: ao monte alto o capitão pôs nome - o Monte Pascoal e à terra - a Terra da Vera Cruz".
Essa é a descrição na carta histórica de Pero Vaz de Caminha, escrivão da armada de Pedro Alvares Cabral, quem registrou a chegada às novas terras.
Mas sabe aquela história de que o Brasil português começou em Porto Seguro? Bem, não foi exatamente assim.
De acordo com historiadores, de nenhum outro lugar da região o Monte Pascoal poderia ser avistado, exceto na Barra do Cahy, a 18 km de Cumuruxatiba, aproximadamente. Assim, anos mais tarde, a tese de que o Brasil português teria começado em Porto Seguro cairia por terra.
"Barra do Cahy, aqui nasceu o Brasil"
(texto em placa na Barra do Cahy)
No encontro do mar com rio, na Barra do Cahy, é possível fazer passeios de barco nos corredores estreitos do rio Caí, passando pelo mangue e por pequenas florestas. Do mar, ainda dá para ver o histórico Monte Pascoal, o primeiro pedaço de terra visto pelos navegadores portugueses e descrito na detalhada carta de Pero Vaz de Caminha.
Quando o Viagem em Pauta esteve no local, a única construção na Barra do Cahy, era o restaurante Glória, localizado em uma fazenda de frente para o mar, onde eram servidas generosas morangas com lagosta, camarão ou peixes.
Na maré baixa, não é raro ver banhistas que seguem a pé de Cumuruxatiba, a 12 km dali, e que retornam, no final da tarde, com o apoio de agências locais.
Cumuru, como o distrito é conhecido, também fica em Prado e pode ser visitado em passeios de barcos por mangues do Cahy, onde o mar se encontra com o rio Caí, e Corumbau, o último destino do município, ao lado de Caraíva, em Porto Seguro.
Como se orgulham alguns moradores da região, a sorte foi, justamente, não ter tido acesso asfaltado como destinos baianos vizinhos, como Trancoso e Arraial d'Ajuda.
COMO CHEGAR
Dois aeroportos do sul da Bahia servem de entrada para a região.
O primeiro fica em Teixeira de Freitas, a 80 km de Prado, e recebe apenas voos da Latam, cuja viagem inclui conexão em Salvador, tanto na ida como na volta.
Mais distante, porém com outras opções de companhias aéreas, Porto Seguro fica a pouco mais de 200 quilômetros de Prado e tem voos operados pela Azul, Gol e Latam.
Para quem quer ir por conta, um ônibus da empresa Expresso Brasileiro (expressobrasileiro.com.br) tem três saídas diárias de Teixeira de Freitas e a passagem para a viagem de 2h20 de duração custa R$ 30 (* valor cotado em 17/2/24).
Quem vem do norte, de carro, deve tomar a BR-101 até Itamarajú, e seguir em direção a Prado. Já os motoristas que vêm do sul da Bahia precisam pegar a mesma BR 101 e depois a BR-418, sentido Caravelas - Alcobaça - Prado.
Quem viaja em grupo pode considerar a contratação de um transfer privativo, em carro ou micro-ônibus, como o da agência Cumuru Magical Tour (cumurumagicaltour.com.br), que faz as rotas Porto Seguro - Cumuruxatiba (4h de duração), Teixeira de Freitas - Cumuruxatiba (2h), Prado - Cumuruxatiba (1h) e Itamaraju - Cumuruxatiba (1h30).
