Os abusos a menores cresceram nos últimos anos até se transformar em um "fenômeno endêmico" mundial favorecido pelo aumento do número de viagens de negócios em lugares até agora remotos, revela um estudo apresentado nesta quinta-feira no Congresso dos Estados Unidos.
O relatório da ECPAT International, a maior rede dedicada a combater a exploração sexual infantil, descreve as tendências do "turismo sexual" em diferentes partes do mundo e alerta que o perfil de que abusam de menores já não se limita ao de homem branco, ocidental, rico e de média idade.
Desta forma, já não há um "perfil típico" de abusador e os crimes são cometidos em muitos casos por indivíduos que viajam dentro de seu país ou da região e veem suas atividades facilitadas pela internet e pela tecnologia móvel, que lhes permite ficarem no anonimato.
O Sudeste Asiático continua sendo uma das regiões onde se concentra a exploração sexual de menores por turistas e, atualmente, costuma acontecer com meninos na rua e meninas em bordéis e em outros estabelecimentos, detalha a investigação da ONG.
Por outro lado, na América Latina os abusos a menores aumentaram com o crescimento do turismo, que quadruplicou desde 1980.
Três quartos do número de turistas que viajam para a América Latina vêm de EUA e Canadá, países "de demanda" que costumam "enviar" para o mundo os indivíduos que fogem das duras leis nacionais e cometem os abusos sexuais em nações com legislações mais leves, explica o estudo.
A investigação da ECPAT International foi financiada pelo Ministério das Relações Exteriores da Holanda com apoio da Agência Sueca de Cooperação para o Desenvolvimento Internacional e da Fundação Oak, dedicada a abordar diferentes problemas sociais e ambientais.
A publicação do estudo coincide com o 20º aniversário do primeiro Congresso Mundial sobre exploração sexual de Meninas, Meninos e Adolescentes, realizado em Estocolmo (Suécia) em agosto de 1996.