Entre o último destino do litoral norte paulista e a capital brasileira da vela, existem lugares onde só dá para chegar num viagem de veleiro.
Para conhecer o que nem todo turista consegue ver, a dica é alugar uma embarcação para chamar de sua (pelo menos até o dia da devolução) e fazer um roteiro exclusivo entre Ubatuba e Ilhabela, em praias isoladas dessa região, a cerca de 3h30 da capital paulista.
Como funciona uma viagem de veleiro
Sob ventos constantes que enchem a vela e dão o ritmo da viagem, um barco de aluguel é como trocar a pousada em terra firme por um hotel no mar, equipado com cabines individuais, banheiros com água quente, cozinha completa e um mar inteiro aos seus pés.
Nas embarcações movidas a vela, a sua única preocupação é com o roteiro. O resto fica a cargo do trabalho do skipper, o capitão responsável pelas questões técnicas da viagem.
O veleiro é entregue ao cliente com roupas de cama e banho, utensílios de cozinha e tanques completo com água e diesel.
Só não pode esquecer que o serviço funciona como em hotéis, com check-in ao meio-dia e retorno no mesmo horário. Por isso, planeje-se para ter tempo suficiente para estar de volta à marina, no horário do check-out para a devolução do veleiro.
Roteiro de viagem de veleiro
DIA 1
A viagem começa na Voga Marine, marina no Saco da Ribeira, em Ubatuba, e segue em direção ao Parque Estadual da Ilha Anchieta, na maior ilha de Ubatuba.
Endereço das ruínas de uma antiga colônia penal que funcionou no local, entre 1902 e 1952, essa área preservada tem trilhas auto-guiadas de fácil acesso e sete opções de faixas de areia.
Da Praia do Presídio, a faixa de areia de tombo que guarda a entrada principal da área de visitantes, é possível caminhar até Palmas, a maior praia da ilha e com águas rasas e tranquilas.
É hora de içar velas e seguir para rincões mais isolados da Ilha Anchieta, como a minúscula Praia do Leste que se esconde em uma fenda cenográfica, virada para mar aberto.
DIA 2
A 40 km de Paraty, aproximadamente, o arquipélago norte de Ubatuba tem endereços que merecem uma parada como a Ilha do Prumirim, conhecida pelo encontro das águas do mar e da cachoeira de mesmo nome, e a Ilha dos Porcos, em área privativa, mas com acesso público.
Outro atrativo obrigatório, mas sem possibilidade de desembarque por conta das condições do mar, é na Selinha, uma ilha cortada por uma fenda interior que deu origem a uma praia dentro dela.
Picinguaba também merece uma visita mais demorada. Localizado nas encostas da Serra do Mar, esse tradicional bairro de pescadores é um dos últimos exemplares de comunidades tradicionais do litoral paulista e seu casario é tombado como patrimônio histórico pelo Condephaat.
DIAS 3 e 4
Ilhabela tem 14 ilhas e 42 faixas de areia, aproximadamente.
Por isso é hora de abrir velas e rumar em direção às praias mais isoladas do lado leste da ilha, com acesso apenas por trilhas ou a bordo de barcos até praias minúsculas e quase privativas como a da Fome, do Poço, da Serraria e da Caveira.
Ainda que o mar costume ser agitado e nem todas as praias convidem para ancorar, Ilhabela tem enseadas amigáveis com quem pernoita a bordo, como o Saco do Sombrio, um abrigo natural na face leste da ilha, e o Saco do Eustáquio, de águas calmas e cristalinas, cuja prainha em forma de saco tem mirante, banheiro e quiosque.
Cansou da vista panorâmica da Baía de Castelhanos? É só pedir para o capitão acionar os motores (ou subir as velas, em dias de ventos favoráveis) para seguir até a próxima parada em algum endereço exclusivo de Ilhabela.
SAIBA MAIS
As diárias começam a partir de R$ 2.400, num modelo Delta 365 para 4 pessoas). Outras opções são o Delta 41 para 6 pessoas (R$ 3.300), Dufour 470 (R$ 5.500, 8 pessoas) e Wind Cat 43 (R$ 7.000, 8 pessoas).
Vale lembrar que o valor não inclui combustível nem taxa de skipper (caso nenhum passageiro tenha Arrais Amador ou superior, como é chamada a habilitação especial náutica).
* O Viagem em Pauta viajou com o apoio da Wind Charter, empresa especializada na locação de embarcações