Se os tubos perfeitos fizeram de Ubatuba a capital nacional do surfe, são os ventos que vão levá-lo para a parada seguinte: Ilhabela, a Capital Brasileira da Vela.
Destino obrigatório dos melhores velejadores do mundo e endereço de gente que trocou a terra firme para morar em veleiros, o destino é o litoral paulista que vê a Mata Atlântica tocar o mar, formando um cinturão verde, rodeado por praias isoladas de tons, exageradamente, azulados.
E isso tudo, a apenas 210 quilômetros da capital.
Ilhabela é exibida. Por ali, são cerca de 42 faixas de areia e 84% de sua área total é de Mata Atlântica intocada.
A vida dos moradores locais passa, diariamente, por Perequê, uma extensa praia de 820 metros, próximo ao centro comercial da ilha. É dali que segue a estrada rumo às últimas praias com acesso rodoviário: a do Veloso, ao sul, e a do Jabaquara, 17 km ao norte do centro histórico.
Mas velejar em Ilhabela é poder ir para destinos onde carros não chegam.
Ao norte da ilha, uma sequência de praias isoladas estão viradas para o mar de fora e, pela dificuldade de acesso, raramente, veem visitantes, como a da Fome, um trecho discreto de areia com 122 metros de extensão que guarda um casarão colonial.
Outra parada é na do Poço que, como se o matiz do mar já não fosse suficiente, tem até uma cachoeira que forma uma piscina natural, em plena praia.
Diferente das baías abrigadas de Paraty e Angra dos Reis, protegidas pela Ilha Grande ao fundo, navegar no litoral norte de São Paulo é velejar por águas desprotegidas com melhores condições de ventos para viajantes com mais milhas de navegação, acostumados com o balanço do mar.
Por isso, para noites tranquilas é preciso escolher um ponto de ancoragem em áreas mais abrigadas, como os sacos do Sombrio e o do Eustáquio, uma praia minúscula com 150 metros de extensão.
É nessas pequenas enseadas de águas calmas que a viagem desacelera, os ventos dão uma trégua e aquele mar agitado se transforma em piscina de borda infinita, onde é possível fazer snorkel, praticar Stand Up Paddle e até encarar uma pequena trilha no Eustáquio com vista única da baía dos Castelhanos, endereço da maior praia do arquipélago, com quase 2 km de extensão.
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Ilhabela do além
Aquelas terras tão próximas e, ao mesmo, tão distantes do continente são território fértil para a criação de histórias que dão outros tons à viagem, como a Praia da Caveira, no leste da ilha, cuja lenda diz que a correnteza, em 1916, teria levado para lá os corpos que afundaram com o vapor Príncipe de Astúrias que naufragou, a 12 km ao sul, na Ponta de Pirabura.
A embarcação ficou conhecida como o Titanic brasileiro, devido ao número de mortos que, até hoje, dizem, murmuram e arrastam correntes na praia.
De resto, é deixar que os ventos escolham a sua parada seguinte.