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Mistério: conheça dez lugares mal-assombrados em São Paulo

De crimes indefinidos a incêndios, capital abriga residências e edifícios amaldiçoados após tragédias

25 jun 2015 - 14h57
(atualizado às 19h49)

Para quem gosta de contos de terror e lugares mal-assombrados, a cidade de São Paulo concentra inúmeros patrimônios que podem ser explorados pelos curiosos. Mortes, assassinatos e incêndios fazem parte da história desses destinos amaldiçoados por alguma tragédia.

Alguns estão visíveis, mas, quem passa hoje, mal lembra ou sabe o que aconteceu em edifícios como Andraus e Joelma, na região central da capital, nos anos 70. Outras estruturas estão em ruínas, como o Castelinho da Rua Apa, onde uma família morreu assassinada em 1937. O Cemitério da Consolação, casa eterna de muitos desses personagens mortos em algum evento trágico, também é temido.

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“A necrópole é um lugar de angústia e dor, ideal para aflorar lendas sobre personagens que morreram de forma penosa e ficam ali vagando. Com isso, o cemitério ganha fama de mal assombrado também”, afirma a historiadora Gláucia Garcia de Carvalho, que realiza passeios monitorados ao Cemitério da Consolação, organizados pelo site São Paulo Antiga.

O Terra fez um levantamento de dez lugares considerados mal assombrados na capital paulista. Após ler a matéria, se tiver coragem, dê uma passadinha em um desses espaços e tente não ficar com medo!

1) Castelo da Rua Apa

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Endereço: Rua Apa, 236, esquina com a av. São João - Santa Cecília

Construção: 1912 

O castelinho da rua Apa é um dos endereços fantasmagóricos da capital
O castelinho da rua Apa é um dos endereços fantasmagóricos da capital
Foto: Luis Guarnieri / Futura Press

História: réplica de um castelo medieval, a casa da rua Apa esconde uma tragédia familiar que abalou a cidade de São Paulo e até hoje não foi esclarecida. Em 1937, três pessoas da mesma família, os Reis, foram encontradas mortas no interior da residência. A perícia apressada da polícia da época fez despertar suspeitas de que os irmãos Armando, Álvaro e a mãe deles, Maria Cândida, foram na verdade assassinados num crime encomendado. O resultado dessa análise é que, depois de uma discussão, os irmãos trocaram tiros. A mãe teria surgido no exato momento em que ambos duelavam e, ao tentar apartar a briga, acabaria também sendo alvejada e morrendo. Vendo a cena, o homem que restou teria se suicidado. “Ninguém sabe ao certo, mas a história que circula é que a briga surgiu porque um dos irmãos queria investir dinheiro da família em palácio de gelo (ringue de patinação), que já era moda na Argentina, mas o outro irmão não concordou. Porém, as posições dos corpos não indicam esse cenário apontado pela perícia, e sim um triplo homicídio até hoje não solucionado”, disse a historiadora. O que se tem de oficial: três membros de uma das mais abastadas e tradicionais famílias foram encontrados mortos a tiros em circunstâncias misteriosas no interior do castelinho na Rua Apa. Teria sido um duplo homicídio seguido de suicídio ou um triplo homicídio? Até hoje, ninguém tem certeza e o local está abandonado, sem manutenção, há mais de 70 anos, tanto que não há teto entre o primeiro e segundo andares. Como não havia herdeiros diretos, o prédio foi entregue ao governo federal e até hoje pertence ao INSS, que não parece se importar com a revitalização do local. O espaço fica por conta do Clube das Mães do Brasil.

2) Capela da Santa Cruz dos Enforcados

Endereço: Praça da Liberdade - Liberdade 

Inauguração: 1887 

Capela da Santa Cruz dos Enforcados, na Liberdade, foi palco de enforcamento e passou a ser considerado mal assombrado
Foto: São Paulo Antiga / Divulgação

História: em 1821, o cabo Francisco José das Chagas pediu igualdade de salários e melhor tratamento aos soldados brasileiros. Chaguinha, como era conhecido, foi punido por isso e enforcado em 20 de setembro de 1821. Porém, no dia da execução, a corda arrebentou duas vezes e, quem assistia, entendeu que seria um sinal dos céus para inocentá-lo, mas ele acabou morrendo. Isso causou a comoção da população e, em sua intenção, foi erguida uma cruz. Mais de 65 anos depois, foi construída uma capela no local. Desde então, há relatos de que Chaguinha é visto por ali. A capela também é chamada de “Igreja das Almas”.

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3) Vale do Anhangabaú 

Endereço: Vale do Anhangabaú - Centro 

Inauguração: 1892 

Vale do Anhangabaú na primeira metade do século 20
Foto: Divulgação

História: considerado o primeiro ponto mal-assombrado de São Paulo, o Vale do Anhangabaú foi o viaduto pioneiro da capital e ligava a Rua Direita ao Morro do Chá, cujo proprietário era o Barão de Tatuí. No século 16, muitos índios foram mortos no lugar cujo nome dignifica “malefícios do Demônio”, em tupiguarani. A região é considerada um local de mau agouro desde a época dos índios. A explicação é que, antes da pavimentação do local, passava um rio e muitos peixes morriam ali. As lendas sobre o clima ruim do lugar se estendem até depois da construção de uma ponte no Vale do Anhangabaú. Desde 1930, alguns suicídios têm sido registrados ali.

4) Edifício Andraus

Endereço: Av. São João com a Rua Pedro Américo, 32 - Centro

Inauguração: 1962 

Edifício Andraus, que pegou fogo fogo em 1972, episódio em que morreram 16 pessoas
Foto: Divulgação

História: este edifício sofreu um incêndio em 1972, deixando 16 mortos e 360 feridos. Impossibilitada de utilizar as escadas de emergência, a maioria dos sobreviventes da tragédia optou por subir ao último pavimento do edifício, onde ficou até que os bombeiros controlassem o fogo. Eles foram posteriormente resgatados de helicóptero. O incêndio do Andraus foi, na época, a primeira grande tragédia transmitida ao vivo pela televisão brasileira, e as cenas horríveis de pessoas se jogando das janelas do edifício chocaram o Brasil e o mundo. Até hoje, os moradores dizem escutar os pedidos de socorro daqueles que morreram. Já foram registrados casos de “poltergeist”, como o barulho de portas e janelas que abrem e fecham sozinhas, além de ruído de passos.

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5) Edifício Joelma

Endereço: Praça da Bandeira, rua Santo Antônio, 184 e av. Nove de Julho, 225 - Bela Vista

Inauguração: década de 1970

Bombeiros trabalhando no combate às chamas no Edifício Joelma
Foto: Jornal do Brasil/Arquivo / Reprodução

História: os testemunhos de aparições de espíritos no edifício Joelma surgiram, em especial, após o incêndio, em 1974, que atingiu o prédio e matou 188 pessoas. "Muitas das vítimas que estavam no prédio, sem alternativas e com o pavor à flor da pele, se dividiram: umas foram para o terraço na esperança de um resgate de helicóptero e outras foram para os parapeitos das janelas. Para complicar ainda mais a situação, o edifício não possuía heliporto e as telhas e a fumaça impediam um pouso ou aproximação maior dos helicópteros", conta a historiadora. Muitas pessoas, em pânico, não enxergaram outra solução para se salvarem e pularam. Nenhuma delas sobreviveu. Durante o incêndio, 13 pessoas tentaram escapar pelos elevadores, mas morreram carbonizadas. O estado dos corpos impediu a identificação dos cadáveres (na época não existia o exame de DNA). Assim, nasceu o Mistério das 13 Almas.

Mas o prédio teve uma história de terror antes dessa, que ajudou na fama de mal-assombrado: antes mesmo da construção do Joelma, havia uma casa ali onde moravam o professor renomado Paulo Camargo, sua mãe e duas irmãs. Ele teria assassinado as três mulheres, em 1948, e jogado os corpos em um poço no terreno. A casa permaneceu fechada durante anos, até ser demolida para que fosse construído o Edifício Joelma. Hoje um prédio comercial, o edifício continua sendo considerado maldito. 

6) Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo

Localização: Largo São Francisco s/n° - Sé 

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Inauguração: 1827 

Universidade de São Paulo é um dos locais mal assombradas em São Paulo
Foto: Divulgação

História: sede de um dos cursos de direito mais conceituados do País, por lá passaram Álvares de Azevedo, Castro Alves, Fagundes Varella etc. Foi neste prédio que tiveram início os maiores movimentos políticos desde o Abolicionismo até a Campanha das Diretas Já. Dizem que, em seus corredores e na biblioteca (a primeira pública de São Paulo), é possível escutar os mais notórios estudantes que lá passaram, discutindo sobre a política. Outros ex-estudantes dão conta que um colega morreu espetado dentro da universidade, após um acidente bizarro. Há ainda o túmulo do antigo professor da casa Johann Julius Gottfried Ludwig Frank.

7) Cada da Dona Yayá

Localização: Rua Major Diogo, 353. - Bela Vista

Construído em 1800

Casa de Dona Yayá, na Bela Vista
Foto: Acervo do Museu do Bixiga / Divulgação

História: em 1870, uma mulher muito rica e conhecida como Dona Yayá sofria de uma doença mental. Por conta disso, foi mantida reclusa na casa por 40 anos, entre 1921 e 1961, numa espécie de hospício particular. Considerada independente e avançada, Yayá quando jovem era uma descontraída e alegre protetora dos artistas. Mas a primeira tragédia, entre tantas, acometeu dona Yayá: em 1900, seus pais morrem com diferença de dois dias. Cinco anos depois, fazendo uma viagem à Argentina de navio, seu único parente restante, o irmão Manoel, desapareceu misteriosamente de seu camarote. Yayá se torna a única herdeira da imensa fortuna. Depois disso, seu estado mental piorou. Ela achava que todos queriam violentá-la e matá-la até que morreu de câncer, em 1961. 

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8) Edifício Martinelli

Localização: Rua São Bento 397 a 413, av. São João 11 a 65 e rua Líbero Badaró 504 a 518 - Centro

Inauguração: 1929 

Edifício Martinelli, em 1929
Foto: Condomínio Edifício Martinelli / Divulgação

História: A jovem Neide foi encontrada morta no edifício em 1965. Outros crimes se sucederam no local que, hoje, abriga um dos prédios mais visitados de São Paulo, por sua vista monumental. O primeiro arranha-céu do País, que chegou a ter boates badaladas, confeitarias e escolas de dança que fizeram dele um ícone de modernidade nos anos 1930, foi palco de suicídios, prostituição, tráfico de drogas e crimes não solucionados. Em 1947, um crime brutal chocou a sociedade da época. Um garoto judeu, chamado Davidson, foi violentado, estrangulado e jogado no poço do elevador daquele prédio. Seu assassino, conhecido como "Meia Noite", foi preso e confessou o crime. Na década de 60 outra morte teve repercussão: a da menina Márcia Tereza, que foi estuprada por cinco bandidos e morta, em um dos apartamentos do edifício. Essas histórias fizeram o local ser conhecido como amaldiçoado. 

9) O Beco do Pinto

Localização: R. Roberto Símonsen, 136 - Sé 

Inauguração: 1821

Beco do Pinto já foi IML e fica ao lado do Solar da Marquesa de Santos
Foto: São Paulo Antiga / Divulgação

História: a especialista conta que o Beco do Pinto, onde fica o Solar da Marquesa de Santos, já foi sede do IML (Instituto Médico Legal) e, por isso, a assombração é algo que acompanha a região. "Vira e mexe tem alguma vela acesa por ali. Seja pelo fato de ser a casa da Domitília ou as almas que ainda vagam por conta do IML", explica. Um dos patrimônios mais antigos de São Paulo, o Beco do Pinto é cercado por uma lenda, segundo a historiadora afirma. "Uma de suas casas era a antiga Delegacia Policial que também servia como IML no começo do século 20. Isso já amedrontava a população que ali passava. O que ajudou a afirmar essa lenda foi que, em 1979, foram encontrados pertences de autópsias como facas, estiletes, bisturi e até pequenos fragmentos de ossos", finaliza..  

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10) Cemitério da Consolação

Endereço: Rua da Consolação, 1.660 - Consolação

Inauguração: 1858

Visão interna, e antiga, do Cemitério da Consolação
Foto: Divulgação

História: localizado em área nobre, foi o primeiro cemitério público da capital paulista e teve sua capela erguida graças à doação da famosa Marquesa de Santos, Domitila, que era amante do imperador D. Pedro I. “Ela é considerada uma santa popular e sempre há, até hoje, uma flor vermelha em seu túmulo, como ela pediu que fosse feito pouco antes de morrer”, conta a historiadora do São Paulo Antiga. A necrópole já é mal assombrada por natureza e o Cemitério da Consolação conta com alguns dos “fantasmas” mais ilustres. “Há relatos de aparições da própria Domitila, Monteiro Lobato, Mário Zan (que comprou um jazigo em frente ao da Marquesa de Santos), Tarsila do Amaral e Antoninho da Rocha Marmo, que morreu na década de 1930 e é conhecido como o Santo do Povo. Todos estão enterrados ali”, conta. Entre outros mortos, estão alguns dos personagens dessas casas mal assombradas, como os três parentes mortos no Castelo da Rua Apa, Dona Yayá e as mulheres mortas por um professor, jogadas em um poço onde hoje é o Edifício Joelma.

Fonte: Terra
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