Os segredos por trás dos jardins do Hampton Court Palace

Em tempos de isolamento, icônico palácio inglês, símbolo da ascensão Tudor, reabre as portas e é um convite para o cuidado da saúde mental

20 ago 2020 - 09h00
(atualizado em 28/8/2020 às 14h29)

De rumorosos casamentos, numerosos protocolos, a grandiosos palacetes, com história encravadas em detalhes mínimos, tudo que envolve a monarquia, ainda mais a inglesa, a mais popular no mundo, comove fascínio. Visitar pontos turísticos, que marcam a história do país, é uma viagem dupla. E parte de seus segredos ainda podem ser descobertos até em seus jardins majestosos, como o do Hampton Court Palace, localizado a 30 quilômetros de Londres

Fachada sul do Palácio Hampton Court e parte do jardim Privy Garden
Fachada sul do Palácio Hampton Court e parte do jardim Privy Garden
Foto: Historic Royal Palaces

O Terra participou de um passeio virtual, comandado por Terry Gough, chefe dos jardins do palácio e famoso jardineiro britânico, e os “mistérios” floresceram. Junto de sua equipe, Gough é responsável pela manutenção e cuidado de mais de 200 m² de área, para que eles mantenham os padrões Reais. É uma tarefa de muita responsabilidade. O Hampton Court, um dos pontos turísticos mais famosos da Grã-Bretanha, foi o centro da corte e da política por mais de 200 anos e os jardins, igualmente, testemunharam as transformações desses períodos, de campos de caça do rei Henrique VIII a cenários que até hoje provocam encantamento. 

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“Eram demonstrações de poder”, comenta Terry, sobre a importância desses locais para os membros da realeza da época. Os jardins refletiam “o poder da nação” e detalhes como o próprio layout de determinada área, escondiam significados importantes. Um exemplo é a configuração do jardim Privy Garden, com vista privilegiada para os aposentos reais do rei William III, marido da rainha Mary II, que deixava claro quem estava no poder. 

Vista área do jardim Privy Garden
Foto: Historic Royal Palaces

No mesmo jardim, a estátua de Apollo foi uma “alfinetada” real ao rei Louis XIV, da França, também conhecido como o “Rei Sol”, e comparado ao deus grego do sol, Apollo. Em solo inglês, a estátia representando o rei francês, está disposta de frente ao palácio, e de costas ao sol. Como se ele ficasse absorto pela grandeza do Hampton Court, em uma clara provocação e alimentando o revanchismo entre os países. “Pela iconografia é onde percebemos melhor a demonstração de poder nos jardins”, explica Terry.

Orangery, espaço para as plantas exóticas
Foto: Historic Royal Palaces

Mas não só por “afrontas” os monarcas fizeram sua colaboração para os jardins e para a história. Foi por causa de Henrique VIII que o costume de consumir frutas cruas foi introduzido à época. “Antes era considerado ruim para saúde”, conta Gough. Já a rainha Mary II contribuiu com a biodiversidade dos jardins, com a sua própria coleção de plantas exóticas coletadas ao redor do mundo – e que ainda hoje podem ser vistas no palácio.

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Da outra ponta, os segredos dos jardineiros são relembrados em antigas superstições. Terry conta que era costume fertilizar o solo com dejetos humanos, mas, antigamente, acreditava-se que a urina de idosos teria um melhor resultado. Outra crença é de que para o melhor crescimento de plantas, a semente deveria ser plantada em determinada temperatura do solo. Mas, para a medição, sem a ajuda da tecnologia que hoje temos, os profissionais abaixavam suas calças, e checavam o solo com suas nádegas. 

O verão nos jardins em meio à pandemia

O verão é uma das melhores estações para se visitar os jardins do Palácio. E após meses de quarentena, em meio a pandemia do novo coronavírus, o passeio é um cuidado consigo mesmo. “É importante perceber como os jardins podem ser importantes para a nossa saúde mental, é um serviço público”, afirma Terry.

Com equipe reduzida e todos os cuidados redobrados para evitar a contaminação, Terry conta que não foi fácil a manutenção dos mais de 200 m² de área verde do Hampton Court, mas foi possível. Para quem estiver na Inglaterra, a visitação pode ser uma oportunidade única. Fechado para visitação por um bom tempo, “os jardins estão em sua melhor forma”, garante.

E uma das mais novas atrações é o Magic Garden, foi inaugurado em 2016 pela HRH, a Duquesa de Cambridge, um espaço destinado às crianças que, segundo Terry, proporciona a experiência completa para a família. 

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Mas também não deixe de visitar o The Great Vine, com 250 anos de idade, é a maior videira do mundo e que até hoje produz uvas que são colhidas no fim do verão. No Jardim da Grande Fonte, criado no reinado de William III, o destaque são a fonte e as árvores esculpidas. Já o Hampton Court Palace Wilderness, situado em mais de 60 hectares de jardins históricos, é um prado selvagem cheio de vida durante o ano todo, mas já serviu de espaço para o jardim formal de Charles II. Outro destaque é o grande labirinto. Do século 17, é o mais antigo feito em cerca viva, com 800 metros de corredores e que proporcionam uma aventura de 20 minutos aos visitantes, para se chegar até o centro dele. 

Vista aérea do labirinto do Hampton Court Palace
Foto: Historic Royal Palaces

Devido às restrições e medidas de proteção contra o novo coronavírus, as compras dos ingressos precisam ser feitas pelo site. Os passeios respeitarão medidas de distanciamento social. Mais informação de datas e valores, acesse o link.

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Fonte: Redação Terra
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